Cristo, fonte e origem da santidade da Igreja |
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Por que canonizar uma pessoa?
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Homilia do Papa Bento XVI na canonização de Frei Galvão
DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
AO BRASIL POR OCASIÃO DA V CONFERÊNCIA GERAL
DO EPISCOPADO DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE
DE FREI ANTÔNIO DE SANT'ANNA GALVÃO, OFM
Sexta-feira, 11 de Maio de 2007
Senhor Arcebispo de São Paulo
e Bispos do Brasil e da América Latina
Distintas autoridades
Irmãs e Irmãos em Cristo,
Santo Antônio de Santana Galvão
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
São Roque Gonzáles e companheiros
Nossa Senhora da Conceição, com traços indígenas |
Coração de são Roque Gonzáles |
domingo, 23 de janeiro de 2011
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Santos do Brasil
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
"Reunidos no Inferno": Sobre o valor do Crucifixo
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Catolicofobia? Dilma retira crucifixo e Bíblia e de seu gabinete
Em sua primeira semana, Dilma Rousseff fez mudanças em seu gabinete. Substituiu um computador de mesa por um laptop e retirou a Bíblia da mesa e o crucifixo da parede.
A Ministra Helena Chagas declarou que o crucifixo seria de Lula. Cf.: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/folha-tira-biblia-e-crucifixo-do-gabinete-de-dilma.html
O gozado é que o mesmo já estava no mandato de Itamar Franco!
sábado, 8 de janeiro de 2011
Entrevista de Dom Manoel (Última Parte)
O talento goiano
Euler Belém — Fora a Bíblia, o senhor tem um livro de cabeceira? Lê algum poeta em especial?
Em cima do meu criado-mudo há sempre pelo menos cinco livros. Leio um pouco, antes de deitar, qualquer que seja a hora. A escolha depende da disposição. Chesterton (1874-1936), por exemplo. Ou Gustavo Corção (1896-1978), Lições de Abismo. Hugo Wast, o grande escritor argentino. Virgil Gheorghiu da 25ª Hora e suas deliciosas memórias. Ricciotti, A Vida de Jesus, São Paulo, A Igreja dos Mártires, História de Israel, Com Deus ou Contra Deus, Deus na Pesquisa Humana. Padre Antônio Vieira, incomparável. Às vezes, Agatha Christie. Freqüentemente algum livro de filosofia, ligado às disciplinas que estou lecionando. De poetas, li mais antologias, tão úteis para a formação do estilo. João de Deus, Campo de Flores, o mestre da simplicidade. Castro Alves, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Primavera, muitos sonetos de Camões, Bocage e Antero de Quental, Álvares de Azevedo. O tempo não é muito para as ocupações obrigatórias.
Euler Belém — Quais os autores goianos que o senhor gosta de ler?
A primeira coisa que fiz ao receber do senhor núncio a notícia de que o Papa me queria bispo de Anápolis, foi ler na Enciclopédia dos Municípios tudo sobre as regiões da diocese. No seminário menor, ganhara, de prêmio escolar, o livro Lá Longe no Araguaia. Soube aí que existia Meia Ponte, Antas e outras coisas. Monsenhor Primo Vieira fora meu pároco e professor no Seminário Maior. A família morava em Catalão, outro nome amigo no meu pequeno universo. Mas ao chegar aqui, infelizmente, encontrei tanto o que fazer que tive que deixar a literatura. As dificuldades do início me bloquearam também os contatos com a gente de letras. Conheci Ursulino Leão, Gelmires Reis, Haydée Jaime. Li versos de Cora Coralina, José Mendonça Telles. Soube que Bernardo Élis era originário da diocese. Assíduo freqüentador de jornais, pude encontrar com alegria alguns excelentes prosadores. Gostaria de fazer mais justiça ao talento goiano.
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Força revolucionária
Licínio Leal Barbosa — Goiás deve ao senhor ter trazido aqui, em agosto de 1984, um autor famoso em todo mundo, Virgil Gheorghiu, autor da 25ª Hora e a Espiã. Qual a contribuição dele para os tempos modernos?
A contribuição dele é fantástica. Espero que não seja esquecido. Escrevi no prefácio que fiz para A Espiã que ele era um desses autores malditos. Muitas enciclopédias sequer o citam. No entanto, 25ª Hora foi considerado um dos grande romances da literatura, por ninguém menos que o filósofo francês Gabriel Marcel. Virgil Gheorghiu é por todos e contra todos. Num de seus livros, O Exterminador, ele mostra como Stalin considerava a religião sob o aspecto de sua força revolucionária.
Licínio Leal Barbosa — Naquela noite em que estivemos, no apartamento do escritor Ursulino Leão, com Virgil Gheorghiu, a Bandeirantes exibiu o filme 25ª Hora. O senhor teve influência nisso?
Sim. Insisti para que o filme fosse veiculado durante sua estada aqui. 25ª Hora significa a hora depois do tempo. Houve até um espanhol, Cabo de Villa, que escreveu um livro chamado 32 de Dezembro. Gheorghiu também inspirou Buñuel, em um filme engraçadíssimo sobre um ateu que fala em Deus o tempo todo.
Licínio Leal Barbosa — Como o senhor conheceu Virgil Gheorghiu?
Li Gheorghiu, pela primeira vez, quando estava começando meu magistério em Santos. Eu me empolguei com ele e passei a utilizar suas obras em minhas aulas. Uma de minhas alunas, que era professora de um grande instituto de educação, também fez o mesmo com seus alunos, que resolveram escrever para ele. Falaram de mim e, com isso, se estabeleceu o contato entre nós. Estive em sua casa em Paris, e o convidei, em 84, para ser um dos conferencistas da Semana Internacional de Filosofia em Petrópolis. Gheorghiu estava preocupado com o futuro de sua obra. Havia um documento na KGB, com sua assinatura, falsa, cedendo todos os direitos de sua obra para a KGB. Mas o governo soviético caiu, e ele ainda sobreviveu por algum tempo.
Euler Belém — O que o senhor acha do cinema de Pasolini e de Felini?
Pretendo enviar uma carta à comissão de cinema que incluiu o Evangelho de São Mateus, de Pasolini, na lista dos grandes filmes. Mas Pasolini reduz Cristo à figura de um reformador social. Mais nada. Um de seus filmes, Teorema, até recebeu prêmio da Organização Católica Nacional de cinema, da Itália, mas já era possível perceber que Pasolini estava indo pelo caminho errado. Apesar de alguns possíveis valores "técnicos e até poéticos, a obra de Pasolini é extremamente negativa. Pasolini acabou sendo uma espécie de Voltaire do cinema.
Entrevista de Dom Manoel (V parte)
Talvez um dos trechos mais importantes da entrevista, dom Pestana fala sobre literatura e política, e expõe seu pensamento sobre o marxismo, educação, Tradição da Igreja e tradições, liturgia, outras religiões e vários dramas que afligiam e ainda afligem a juventude, como sexo e drogas.
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“Renan é o poeta da mentira”
Euler Belém — O trabalho de Huberto Rohden, autor de O Drama Milenar do Cristo e do Anti-Cristo, tem consistência teológica e filosófica? O que acha do livro citado?
Não conheço o livro, logo não posso julgá-lo. Seminarista de calças curtas, lia seus livrinhos açucarados do Apostolado da Boa Imprensa. O seu Paulo de Tarso, para nossa decepção, resultou ser, em boa parte, plágio do alemão Hollzsmeister, se não me engano. Depois, ele deixou os Jesuítas e, finalmente, o sacerdócio. Recebeu uma bolsa para pesquisas científicas em Princeton; freqüentou três anos o Golden Lotus Temple, de Kriya Yoga, em Washington, percorreu o Oriente em busca da mística. Promoveu cursos em Goiânia e Brasília sobre o que chama de Filosofia Univérsica e Filosofia do Evangelho. Homem de muitas palavras novas e idéias mais antigas, como macrocosmo mundial e microcosmo hominal, misturou um pouco de Ocidente com muito do Oriente, apresentou um amálgama de ciência, filosofia e esoterismo gnóstico, bem ao gosto da mentalidade místico-poética de muitos dos nossos contemporâneos.
Euler Belém — Rohden cita Nietzsche: “Se o Cristo voltasse ao mundo, a primeira declaração pública que faria a todos os países seria esta: ‘Cristãos de todas as igrejas, sabei que eu não sou cristão — eu sou Cristo”. Trata-se de uma crítica aos cristãos?
Não afirmo que todas as críticas aos cristãos sejam injustas. Evidentemente, tanto Nietzsche quanto Rohden não nos poupam. Somente Cristo é Cristo. Não passamos de suas pálidas imagens, na melhor das hipóteses. Podemos ser sua morada, mas sempre infinitamente longe dele. Para nossa desgraça, muitas vezes de cristãos temos apenas o rótulo. “Não é quem diz: Senhor, Senhor! que entra no reino dos céus, mas quem faz a vontade de meu Pai, esse entra no reino dos céus” — disse Jesus. Para o cristão, cada instante é uma oportunidade que Deus lhe dá para ser melhor. Quem se julga suficientemente bom, já começa a ser ruim.
Euler Belém — Qual é a biografia mais completa de Jesus Cristo? É a de Renan?
Pelo amor de Deus! Renan é anticristão. É o poeta da mentira. Ele embrulha tudo. Muitos jovens se perderam lendo Renan. Leiam um brasileiro que fala dele, Paulo Setúbal, no Confiteum.
José Maria e Silva — O senhor leu Renan com prazer?
Vou fazer uma comparação meio absurda: um castelo de esterco, mesmo sendo de esterco, é um castelo e pode ter muita coisa bonita. A maior biografia de Cristo, sem dúvida alguma, é a de Ricciotti, A Vida de Jesus. Quem quiser um livro mais literário sobre Jesus, e também sério, deve ler Plínio Salgado.
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A crença no humanismo
"Não sou favorável à volta da Missa em latim, mas creio que seria salutar que sempre houvesse missas em latim para aqueles que querem"
Somos um pouco o reflexo da própria situação geral. Hoje em dia é difícil encontrar, por exemplo, um advogado que escreva uma petição sem cometer dois erros por linha. O problema da Igreja, hoje, é o fim dos seminários menores.
Licínio Leal Barbosa — Como o senhor avalia a substituição do canto gregoriano pelos cânticos laicos, profanos?
Recentemente, estive relendo o que Platão diz sobre os cantores. Ele diz que os cantores amolecem o caráter, por isso deveriam ser expulsos da cidade. Hoje, com essa vontade de se amoldar ao mundo, muitos setores da Igreja substituíram a música-oração pela música mensagem. E a música-mensagem, às vezes, pode ser até o ritmo, o grito, o berro. Já o canto gregoriano é recolhimento, é elevação. Pesquisas recentes descobriram que o canto gregoriano tem até mesmo um efeito terapêutico. Um grupo de pesquisadores alemães constatou que os doentes mentais ficam mais tranqüilos quando ouvem música clássica, ao passo que se agitam ao ouvir rock. Já um italiano notou que, com o canto gregoriano, se ia além dos efeitos da música clássica — o doente mental não apenas ficava tranqüilo como também entrava num processo de recuperação. Em Paris, há um cientista que se utiliza do canto gregoriano na cura de doenças mentais. Ele descobriu que os tons altos do gregoriano correspondem ao tom de voz da mãe quando fala com seu filho no útero. E é bom salientar que os tons altos da música de Mozart têm íntima relação com os tons altos do canto gregoriano. O mercado fonográfico redescobriu o canto gregoriano. Tudo começou com os monges da Abadia de São Domingos, que gravaram um disco. Mas eles se agastaram e não querem gravar mais. O canto gregoriano estava sendo usado até em strip-tease. Estava virando uma profanação sem limites. Em Anápolis, no seminário, estamos tentando recuperar o canto gregoriano.
José Maria e Silva — Além do canto gregoriano, o latim também foi jogado no lixo?
Infelizmente. O que é um crime. O latim é mais que um idioma — é um xadrez que esclarece o pensamento. O latim me leva à saudável ginástica mental. Evidentemente, não sou favorável à volta da missa em latim, porque não há mais condições culturais para isso, mas creio que seria salutar que sempre houvesse missas em latim para aqueles que querem. Na Europa, há igrejas que ainda hoje reservem horários para missas em latim. E há muitos fiéis que gostam.
José Maria e Silva — O senhor é a favor da missa em latim com o padre virado de costas para o público?
O padre nunca esteve de costas para o público — ele esteve à frente do público, virado para Deus. É uma questão de interpretação. E a missa atual coloca o padre de frente para o público e para Deus, que fica no centro, no altar. O que também é muito positivo. O que ocorre é que muitos sacerdotes se esqueceram que sua função é interligar o povo a Deus e se coloca como o centro da missa, se transformando num showman. É lamentável ter que dizer isso, mas há certas missas que não diferem muito de programas de auditório da televisão.
José Maria e Silva — Como o senhor avalia as missas afro-brasileiras, que incorporam a dança e o batuque à liturgia?
Entendo isso como uma volta ao que nunca existiu. Todo esse movimento negro no Brasil, em termos culturais, surge com Nina Rodrigues (1862-1906). Os negros no Brasil são todos assimilados. Não vou discutir, aqui, como se deu esse processo de assimilação, mas o que importa é entender que, em termos culturais, o negro brasileiro não é africano. Pelo amor de Deus, é preciso entender isso.
Euler Belém — O avanço tecnológico, ao contrário do que se esperava, não afastou o homem de Deus. Mas do que nunca as religiões e seitas estão fortes. Por quê?
Na abertura daquele fantástico livro de Santo Agostinho, As Confissões, ele diz mais ou menos assim: “Senhor, tu me fizeste para ti, e o coração humano não encontrará repouso senão em ti”. O homem não é um animal aperfeiçoado, uma parcela de um jogo matemático-econômico — ele é pó, mas é pó com sopro divino. E o coração do homem é insaciável. O mundo de hoje não quer acreditar em Deus e acaba absolutizando o relativo, eternizando o temporal. O homem moderno enche o coração de novidades, de tecnologias, de ilusões, mas no fundo seu coração está vazio.
Euler Belém — O que o senhor acha da pílula anticoncepcional e da camisinha?
A pílula anticoncepcional foi recursos descoberto com objetivos terapêuticos, para mulheres que sofriam de dismenorréia. Depois é que passou a ser utilizada como anticoncepcional. E aí vieram os problemas, morais e físicos. A pílula abriu as portas para toda a degradação moral que estamos vendo. Já em relação à camisinha, para mim há algo de satânico, de diabólico na campanha que recomenda seu uso. Dizer que o uso da camisinha é o sexo seguro contra a Aids é um crime. Numa relação sexual, cerca de 10 por cento dos espermatozóides passam pelos poros da camisinha. E o vírus da Aids é muito menor que o espermatozóide, obviamente, passa muito mais. Nem precisa dizer o que acontece.
José Maria e Silva — Uma adolescente, virgem, é estuprada violentamente. Ao cabo de um mês após o estupro, quando ainda não conseguiu se recuperar do trauma sofrido com a violência, ela descobre que está grávida do estuprador. Se ela optar pelo aborto, será condenado ao inferno?
Se ela, antes adolescente e virgem, optar pelo aborto, já está condenada ao inferno nesta vida, pelos remorsos da consciência, avivados a cada choro, a cada sorriso ou a cada passinho de criança que poderia ser a sua, se não a tivesse matado. Não é sem razão que 85 por cento das mulheres internadas em casas de saúde mental nos Estados Unidos, país tão liberal, têm na sua história pelo menos um aborto. Falo de opção. Mas mesmo quando apenas cede à pressão, à chantagem ou ao desespero, a angústia não é menor. O problema é que o aborto é assassinato frio de um inocente, que está vivo e não tem nada a ver com o que fizeram. Não se pode obrigá-la a ficar com o filho, mas não é possível simplesmente convidá-la a ser assassina. O aborto é o crime mais frio, mais cruel, mais absurdo da nossa época.
Euler Belém — Os governos dizem que a escola pública está melhorando, mas ela ainda está aquém do que a sociedade espera. O que está faltando para a escola pública melhorar?
Muita coisa. O Relatório Coleman ao Senado Americano dizia que as escolas sem filosofia de vida apresentam não só mais graves problemas de disciplina e moralidade, mas também de menor aproveitamento escolar. Ele afirmava que esta era a razão da decadência da escola pública nos Estados Unidos. Não se pode pretender somente erudição, principalmente hoje, quando os bancos de dados são tão numerosos, ricos e acessíveis. Se a escola não forma para a vida, ela fracassa. A educação não acontece sem valores humanos apresentados. Se a própria escola, a partir do testemunho dos professores, não educa por tudo o que é e tem, é inútil e prejudicial. Não se educa por um aglomerado de conhecimentos científicos, mas por uma estruturação de valores humanos, que uma formação humanística pode dar. Supercérebros arriscam-se a se tornar supermonstros. O coração, a sensibilidade, a consciência, a vontade são áreas essenciais da personalidade humana. E disto, pouco se cogita ou se cogita mal. Valorizar os professores, sim, mas qualificando as verdadeiras vocações ao magistério, em cujas mãos se prepara, em grande parte, o futuro das novas gerações.
Euler Belém — O que está acontecendo com os jovens que, cada vez mais, procuram drogas, como cocaína, maconha, cigarro e álcool?
Os nossos jovens são, em geral, frutos e vítimas de uma sociedade consumista, materialista, imediatista, ávida de prazer, fabricada ou explorada pela mídia, bem ao gosto e a serviço dos que querem conduzir os homens como massa de manobra, inconsciente do seu destino pessoal. Quando faltam ideais de grandeza e auto-estima, já não se sabe o que fazer da vida. Aí vale tudo para se fugir de uma liberdade inútil e de uma responsabilidade absurda. Foge-se nas asas de um sonho químico, na loucura de um ritmo alucinante e alienante, na degradação do sexo sem dignidade e amor, ou até na superatividade estressante de quem não quer ter tempo nem para pensar. Precisamos de apóstolos capazes de atrair o jovem, pelo entusiasmo e pelo testemunho, a uma estrada de sacrifício e heroísmo. Porque os que ainda têm condições de atender a esse apelo — e não são poucos — poderão, à falta de autênticos valores, deixar-se seduzir pelo brilho efêmero de ideologias de morte e escravidão, inclusive pelo culto a satã, “homicida desde o início” e “pai da mentira”, como o chama Jesus. No fundo, todos sentem que só vale a pena viver quando se encontra uma causa pela qual valha a pena morrer. E a vitória sobre a morte, só Cristo no-la dá, pela sua morte e ressurreição. Sem ele, não há caminho, nem verdade, nem vida.
Euler Belém — O conflito da Globo com a Igreja Universal do Reino de Deus teve só componentes comerciais? O que o senhor acha da igreja dirigida por Edir Macedo, que se intitula bispo?
O conflito da Globo com a Igreja Universal é problema deles. A atitude infeliz e grosseira do “bispo” que agrediu a sensibilidade cristã do povo é mais profunda do que se esperava. Despertou até a consciência católica, não só para o amor a Nossa Senhora, mas também para o clima de real perseguição que estamos sofrendo em todos os campos. O fato de ter-se a Globo aproveitado isso para combater a rival, não a redime das iniqüidades que pratica diariamente contra os princípios cristãos. Nessa altura, são dignas uma da outra.
José Maria e Silva — Os evangélicos costumam dizer que Anápolis é uma cidade evangélica. Foi lá, por exemplo, que começou a Assembléia de Deus em Goiás, a maior denominação evangélica do Estado. O Senhor concorda que, em Anápolis, os evangélicos chegaram, de fato, a uma espécie de poder espiritual?
Não se pode esconder a influência das igrejas evangélicas em Anápolis. Mas os diversos horários de santas missas, tanto aos sábados e domingos, como em dias de semana, mostram uma larga participação católica. Não falo só dos momentos fortes da liturgia: Natal, Semana Santa, Páscoa, Pentecostes, Corpo de Deus. A Campanha da Fraternidade, os movimentos marianos e a recitação do terço em família, as manifestações pró-vida etc., confirmam ativa presença católica. Quando cheguei, a estatística oficial dava 83 por cento de católicos (sei que não poucos e são de nome apenas). Depois, creio que em 89, a estimativa era de 80 por cento. Cheguei a reclamar que tivessem tirado o item “religião” dos recenseamentos. Entretanto, nossas igrejas estão cheias, o atendimento é satisfatório, os movimentos, em geral, dinâmicos, a catequese extensa. Sempre há muito por fazer. Mas os números não nos preocupam. As vidas, as almas, sim.
Euler Belém — O senhor já teve simpatias pelo marxismo?
Não. Que me desculpem, mas para ler um livro como O Capital é preciso ter muito estômago. Tenho este livro numa edição espanhola. Marx foi satanista aos 17 anos, teve um filho com a empregada, deixou dois filhos morrerem de fome. Era um homem completamente irresponsável. E toda obra, de alguma maneira, é autobiográfica — ela assimila as fraquezas do autor.
José Maria e Silva — Não há dúvida que o pensamento de Marx é disforme e até confuso, assim como o de Max Weber, segundo alguns críticos. Mas Marx não tem nada de aproveitável? O senhor desconhece a importância dele como pensador?
Marx tem algumas coisas importantes. A Questão Judaica, por exemplo, é interessante.
José Maria e Silva — Como o senhor avalia a participação dos leigos nos sacramentos católicos, inclusive manipulando a hóstia?
Acabo de traduzir um livrinho sobre o assunto. É de um autor italiano e se chama O Complô Contra os Sacerdotes e a Eucaristia. A gente tem impressão que houve um plano para fazer o povo perder a fé na eucaristia. A manipulação fácil da eucaristia quebra toda sua riqueza e a sensibilidade.
Luiz Carlos Bordoni — Como o senhor se posiciona em relação à pena de morte?
Não defendo a pena de morte, mas entendo que se um organismo chega a uma situação em que só cortando um dedo podre ele é capaz de se recuperar, então, esse dedo tem que ser cortado. O próprio Cristo prega isso na Bíblia, em relação aos homicidas vinhateiros. Se uma sociedade não tem o direito de eliminar um sujeito que está pondo em risco a sobrevivência dela, então, ela está indefesa perante a própria ruína.