terça-feira, 8 de março de 2011

Mártires do Rio Grande: Mártires de Cunhaú

Após a conquista da capitania do Rio Grande pelos holandeses, em 8 de dezembro de 1633, muitos moradores foram mortos em circustâncias diferentes, Um exemplo lembrado pela história é o assassinato de Francisco Coelho, dono do engenho de Potengi, e de sua família, em 14 de dezembro do mesmo ano.

Os fatos ocorridos em Cunhaú e em Uruaçu em 1645, porém, são de natureza diversa. São fatos com uma forte matiz religiosa, e percebe-se na ação dos agressores o ódio pela fé e a aceitação livre do martírio, por amor a Deus, pelo lado dos assassinados.

Cunhaú localiza-se em uma região estratégica dentro dos limites da antiga capitania, e por isso foi logo fortemente conquistada pelos holandeses, logo em 1634. Em 1645, porém, vivia-se em relativa harmonia entre portugueses e holandeses. Apesar da insurreição iniciada em Pernambuco, a notícia ainda não chegara em Rio Grande.

Jacó Rabe era um homem extremamente violento, natural da Alemanha, mas que emigrara para Holanda e trabalhava a serviço da Companhia das Índias Ocidentais. Foi intérprete desta Companhia junto aos índios tapuias, assimilando seus costumes, e casou-se com uma índia, de nome Domingas. Aproveitando-se de sua influência junto aos índios, instigou-lhes a atacar os portugueses, invadindo, saqueando e matando-os. Chegou a ser repreendido algumas vezes pelas autoridades holandesas.

O ano de 1643, o Supremo Conselho dos holandeses expediu uma ordem de prisão contra Rabe, mas a mesma não foi cumprida. Pelo contrário, as autoridades continuaram a acobertá-lo.

No dia 15 de julho de 1645, Rabe chegou ao Rio Grande, alegando trazer uma mensagem do Supremo Conselho Holandês do Recife aos moradores de Cunhaú, e ordenou que todos esperassem após a missa dominical, no dia seguinte, para ouvirem as ordens que trouxera.

Apesar da chuva torrencial, muitas pessoas compareceram à santa Missa, afim de cumprirem o precito dominical, na igreja de Nossa Senhora das Candeias. Outros ainda não puderam comparecer à missa, e refugiaram-se na casa de engenho.

Capela onde aconteceram os martírios
O pároco, pe. André de Soveral, iniciou a santa Missa. Após a Consagração e a elevação da hóstia, Rabe mandou entrar os índios e trancar as portas. Os fiéis foram cruelmente assassinados enquanto rezavam, sem esboçar reação.

Os índios tapuias tentaram atacar o pe. André, mas este exortou-os a não tocar nos objetos sagrados e no altar, e ficaram com medo de o matar. Mas um índio potiguar, Jererera, fanaticamente convertido à religião calvinista, o feriu com uma adaga.

Após o massacre na capelinha, os agressores dirigiram-se à casa de engenho, onde quase todos os moradores tiveram semelhante fim, com exceção de três moradores, os quais fugiram pelo telhado, e do dono do engenho, Gonçalo de Oliveira, e sua família, tidos como amigos dos invasores flamengos.

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