sábado, 24 de dezembro de 2011

Símbolos do Natal: A Árvore de Natal




Uma antiga lenda põe Martinho Lutero como o criador deste símbolo do Natal, usado durante muito tempo pelos protestantes em oposição ao presépio dos católicos. Porém, um pouco mais de pesquisa indica que o uso de árvores como símbolos do divino é algo bem anterior ao próprio cristianismo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

"Ó Emanuel..."

Presépios na Paróquia Divino Pai Eterno, em Anápolis - GO


23 de dezembro

Ó Emanuel,
nosso rei e legislador,
esperança e salvador das nações,
Vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

"Ó Rei das Nações..."



22 de dezembro

Ó Rei das nações
e objeto de seus desejos,
pedra angular que reunis em vós judeus e gentios:
Vinde e salvai o homem que do limo formastes.

"Ó Oriente..."



21 de dezembro

Ó Oriente
esplendor da luz eterna e sol da justiça
Vinde e iluminai os que estão sentados
nas trevas e à sombra da morte.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"Ó Chave de Davi..."

Genealogia de Jesus Cristo, de Davi a Cristo

20 de dezembro

Ó Chave de Davi

o cetro da casa de Israel

que abris e ninguém fecha;
fechais e ninguém abre:
Vinde e libertai da prisão o cativo
assentado nas trevas e à sombra da morte


domingo, 18 de dezembro de 2011

"Ó Raiz de Jessé..."


19 de dezembro


Ó Raiz de Jessé

erguida como estandarte dos povos,
em cuja presença os reis se calarão
e a quem as nações invocarão,
Vinde libertar-nos; não tardeis jamais.

"Ó Adonai..."


18 de dezembro


Ó Adonai, guia da casa de Israel,
que aparecestes a Moisés na chama do fogo
no meio da sarça ardente e lhe deste a lei no Sinai
Vinde resgatar-nos pelo poder do Vosso braço.

Adonai é a palavra hebraica usada ao se ler a Escritura para não se pronunciar o Nome do Senhor, o Tetagrama YHWY. Quer dizer: o meu Senhor, e é referência direta à divindade, aqui aplicada diretamente a Cristo. A referência ao episódio de Moisés na sarça ardente e à entrega da Lei no Sinai reforça a afirmação da divindade de Cristo e o coloca diretamente no centro da ação salvadora no Antigo Testamento. Por isso, suplica-se que venha salvar-nos pelo seu poder.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

"Ó Sabedoria..."


17 de dezembro

Ó Sabedoria
 que saístes da boca do altíssimo
 atingindo de uma a outra extremidade
 e tudo dispondo com força e suavidade:
 Vinde ensinar-nos o caminho da prudência.

Símbolos do Natal: As Antífonas do O



As Antífonas do Ó são sete antífonas especiais, cantadas no Tempo do Advento, especialmente de 17 a 23 de dezembro antes e depois do Magnificat, na hora canônica das Vésperas. São assim chamadas porque tem início com esse vocativo e foram compostas entre o século VII e o século VIII, sendo um compêndio de cristologia da antiga Igreja, um resumo expressivo do desejo de salvação, tanto de Israel no Antigo Testamento, como da Igreja no Novo Testamento. São orações curtas, dirigidas a Cristo, que resumem o espírito do Advento e do Natal. Expressam a admiração da Igreja diante do mistério de Deus feito Homem, buscando a compreensão cada vez mais profunda de seu mistério e a súplica final urgente: «Vem, não tardes mais!». Todas as sete antífonas são súplicas a Cristo, em cada dia, invocado com um título diferente, um título messiânico tomado do Antigo Testamento.
A reforma litúrgica pós Vaticano II, ao introduzir o vernáculo na liturgia, não esqueceu os textos das Antífonas do Ó, veneráveis pela antiguidade e atribuídos por muitos ao Papa Gregório Magno (+604). Ela os valorizou ainda mais com aclamação ao Evangelho da Missa, além de conservá-los como antífonas do Magnificat. Cada antífona é composta de uma invocação, ligada a um símbolo do Messias, e de uma súplica, introduzida pelo verbo "vir".
Se lidas em sentido inverso, isto é, da última para a primeira, as iniciais latinas da primeira palavra depois da interjeição «Ó», resultam no acróstico «ERO CRAS», que significa «serei amanhã, virei amanhã», que é a resposta do Messias à súplica dos fiéis.

Extraído de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%ADfonas_do_%C3%93

domingo, 5 de junho de 2011

Septenário do Divino Espírito Santo


Introdução (Para todos os dias)

V.: Vinde ó Deus em meu auxílio.
R.: Socorrei-nos sem demora.


Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no príncipio, agora e sempre. Amém.

sábado, 23 de abril de 2011

Rubricas do Tríduo Pascal: Vigília Pascal


  • Esta noite deve se celebrar em honra do Senhor, e esta Vigília é a mãe de todas as Vigílias.
  • A Igreja mantém-se de vigia à espera da Ressurreição do seu Senhor, e celebra-a com os Sacramentos da Iniciação Cristã.
  • A Vigília deve ser celebrada à noite: não deve iniciar antes do anoitecer e deve terminar antes de amanhecer.
Deve-se preparar:
  • O necessário para a celebração da missa ordinária
Para a benção do fogo:
  • Fogueira (em um lugar fora da igreja)
  • O círio pascal
  • Cinco cravos ou grãos de incenso
  • Utensílio para acender o círio (pode ser uma vela)
  • Lâmpada para iluminar os textos
  • Velas para os que participam da Vigília
  • Pinça para tirar brasas do fogo novo para o turíbulo
Para o precônio pascal:
  • Candelabro para o círio pascal, junto ao ambão
Para a liturgia batismal:
  • Recipiente com água (pode ser a própria pia batismal)
  • O que for necessário caso se administrem os sacramentos da iniciação (óleo dos catecúmenos, Santo Crisma, vela batismal, Rituais)
Observações:
  • As luzes da igreja devem estar apagadas
  • A fogueira deve ser realmente visível e iluminar
  • Paramentos de cor branca, com a maior solenidade
  • Não se leva cruz processional
  • As velas do altar permanecem apagadas até o canto do Glória

Benção do fogo e preparação do Círio Pascal

  • Na sacristia ou em outro lugar adequado, o celebrante, diácono e concelebrantes revestem-se de paramentos de cor branca para a Santa Missa.
  • O celebrante, acompanhado por seus auxiliares, dirige-se ao local onde o povo está reunido. À frente, vai um acólito ou ministro com o círio pascal.
    • Não se levam cruz processional ou velas acesas.
    • O turíbulo se leva sem brasas.
  • De pé, diante do povo, o celebrante dá início à celebração e explica com breves palavras o sentido desta celebração, usando as palavras do Missal ou outras semelhantes.
  • Em seguida, o celebrante benze o fogo, dizendo a oração com as mãos estendidas. Terminada a oração, acende o Círio Pascal com o fogo novo, sem dizer nada.
    • O turiferário retira brasas do fogo novo para acender o turíbulo.
  • Depois de benzido o fogo novo, o acólito leva o Círio Pascal ao celebrante que, de pé, grava uma cruz no próprio Círio, e outros símbolos, conforme descrito no Missal.
  • Depois de confeccionado o Círio, o celebrante põe incenso no turíbulo e, se houver diácono, este recebe o Círio Pascal, ou o mesmo é levado pelo próprio celebrante.
  • Organiza-se a procissão que entra na igreja:
    • À frente vai o turiferário, seguido pelo diácono ou pelo celebrante com o círio pascal, os demais assistentes e o povo.
    • À porta da igreja, o diácono para e ergue o Círio e entoa o canto “Eis a luz de Cristo”, e apenas o celebrante acende a sua vela no círio.
    • No meio da igreja, o diácono ou o celebrante canta uma segunda vez, e os fiéis acendem suas velas no círio pascal, passando o lume de uns aos outros.
    • Ao chegar ao altar, o diácono ou o celebrante para e canta um terceira vez, voltado para o povo. Em seguida, coloca o Círio no candelabro para ele preparado, junto ao ambão.
    • Acendem-se as luzes todas da igreja
  • Chegado ao presbitério, o celebrante se dirige para a cadeira presidencial, entrega a sua vela acesa ao diácono e põe incenso no turíbulo, como para o Evangelho da Missa.
    • Se o diácono proclama o Precônio, pede e recebe a benção, conforme descrito no Missal.
  • O diácono ou o celebrante incensa o livro e o círio e canta o Precônio do ambão.
    • Se, por razões pastorais, um cantor proclamar o Precônio pascal, o sacerdote incenso o livro e o círio. O cantor deve omitir a parte das palavras “E vós, que estais aqui” até o fim do convite e a saudação “O Senhor esteja convosco”.

Liturgia da Palavra

  • Terminado o Precônio pascal, todos apagam as velas e sentam-se.
  • Antes das leituras iniciarem-se, o celebrante ou o diácono faz breve monição, com as palavras que vêm no Missal ou outras semelhantes.
  • São propostas nove leituras: sete do Antigo Testamento e duas do Novo (Epístola e Evangelho).
    • Por razões pastorais, podem-se reduzir o número de leituras do Antigo Testamento, de modo a que sejam no mínimo quatro e não se omita a leitura do capítulo 14 do Êxodo.
  • Após cada leitura, segue-se o seu salmo e a oração do “Oremos”, a qual deve ser feita sempre de pé.
  • Após a última leitura do Antigo Testamento, com seu responsório e oração, entoa-se solenemente o hino “Glória a Deus nas alturas”, enquanto se acende as velas do altar e se tocam os sinos.
  • Após o Glória, reza-se a oração coleta e se proclama a leitura da Epístola, enquanto todos se sentam.
  • Terminada a epístola, o diácono ou um leitor pode dirigir-se ao celebrante e dizer-lhe: “Reverendo Padre, eu vos anuncio uma grande alegria: o Aleluia”. Após este anúncio, ou mesmo sem ele, todos se levantam. O celebrante entoa solenemente o aleluia, por três vezes, subindo gradualmente de tom, e o povo repete-o no mesmo tom.
  • O salmista ou cantor recita o salmo, e o povo responde com aleluias.
  • O celebrante põe incenso no turíbulo e dá a benção ao diácono, como de costume.
  • Não se levam velas para a proclamação do Evangelho.
  • Após o Evangelho, faz-se a homilia.

Liturgia Batismal

  • A Liturgia Batismal pode se efetuar no próprio batistério, caso o mesmo seja visível aos fiéis. Caso contrário, coloque-se o recipiente com água no próprio presbitério.
  • Se houver batismo, faz-se a chamada e a apresentação dos catecúmenos, apresentados pelos padrinhos, caso sejam crianças.
  • O celebrante faz a exortação ao povo, conforme haja ou não batismo.
  • Entoa-se em seguida a ladainha.
    • Se a distância ao batistério é grande, a ladainha se canta durante a procissão, a qual é precedida pelo Círio pascal, seguido pelos catecúmenos com seus padrinhos e pelos celebrante e seus auxiliares.
    • Se não houver batismo nem benção da água batismal, omite-se a ladainha e procede-se à benção da água.
    • A ladainha se faz de pé, por ser tempo pascal.
  • Terminada a ladainha, se houver batismo, o celebrante, de mãos unidas, diz a oração indicada no Missal.
    • Caso não haja batismo, segue diretamente à benção da água batismal.
  • Durante a benção da água batismal, no momento indicado, se for oportuno, o celebrante imerge o círio uma ou três vezes na água, conforme indicado no missal.
  • Se houver batismo, segue-se a renúncia ao demônio, a profissão de fé e o Batismo.
  • Se não houver batismo ou mesmo após este, o celebrante recebe abençoa a água para aspersão dos fiéis e recebe a renovação das promessas batismais dos fiéis, que se conservam de pé, com as velas acesas nas mãos.
  • Terminada a renovação das promessas batismais, o celebrante asperge o povo com a água benta.
    • Se houver neófitos (batizados), estes são conduzidos para tomar seu lugar entre o povo.
    • Se a benção da água batismal tiver sido feita fora do batistério, o diácono e alguns assistentes a conduzem à pia batismal.
  • Após a aspersão dos fiéis, omite-se o Credo, e o celebrante prossegue com a Oração Universal.

Liturgia Eucarística

  • Segue-se a Liturgia Eucarística, como no Ordinário.
  • Podem se fazer menção dos batizados segundo as fórmulas do Missal e do Ritual.
  • Antes da Comunhão, pode se fazer breve monição aos que receberão a Iniciação.

Ritos finais

  • À fórmula habitual de despedida dos fiéis (“Ide em paz”), acrescenta-se um duplo Aleluia, e o mesmo fazem os fiéis na resposta.
  • O Tríduo Pascal encerra-se nas Segundas Vésperas do Domingo da Páscoa.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Cronologia da Semana Santa: Quarta-feira Santa (12 de Nisã)

Pode-se considerar que o dia inicia-se em Mateus com os discursos ao  povo. Jesus não se dirigirá aos fariseus e aos mestres da Lei antes da sua Paixão. Praticamente é este o último dia de ensinamento público de Cristo antes da Redenção, e é marcado por maldições e terríveis profecias.

Quarta-feira Santa (12 de Nisã)

Marcos parece iniciar o dia com a auto-apresentação de Jesus como filho de Davi e como superior a este (Mc 12, 35-37), fato colocado por Mateus antes da interrupção que consideramos como dia (Mt 22, 46: "E a partir daquele dia...").

O dia é marcado por repreensões sobre a hipocrisisa e a falsidade dos escribas e fariseus (Mt 23, 1-12; Mc 12, 38-40; Lc 20, 45-47). Mateus apresenta as terríveis maldições de Jesus contra os fariseus e escribas, no total de sete (Mt 23, 13-36) e uma maldição sobre Jerusalém (Mt 23, 37-39).

Em vez de apresentarem as maldições de Cristo, Marcos e Lucas sobrepõem os fariseus ao exemplo de uma pobre viúva, capaz de comover o coração de Jesus, a qual "dá tudo que possuía para viver" (Mc 12, 41-44; Lc 21, 1-4).

Após estes fatos, Jesus sai do Templo e possivelmente de Jerusalém. Contemplando o Templo ornado, possivelmente a partir do Monte das Oliveiras, ele deveria parecer bastante esplêndido. Mas Cristo prediz a destruição deste lugar. Lucas ambienta este discurso dentro de Jerusalém (Lc 21, 5-7), e possivelmente nos átrios do próprio recinto sagrado. Mateus e Marcos, na saída de Cristo da cidade (Mt, 24, 1; Mc 13, 1).

Os evangelistas apresentam bastantes particularidades em seus relatos. Mateus concatena a queda de Jerusalém e a destruição do Templo com o final dos tempos e o retorno de Jesus (Mt 24, 1-31), intercalando as parábolas sobre a vigilância, a da figueira (Mt 24, 32-41), do ladrão (Mt 24, 42-44), do mordomo (Mt 24, 45-51), das dez virgens (Mt 25, 1-13), dos talentos (Mt 25, 14-30) e encerrando com a vinda gloriosa do Filho do Homem e o Juízo Final.

Marcos e Lucas são bem próximos em seus relatos, e apresentam a predição sobre a perseguição aos discípulos (Mc 13, 5-13, Lc 21, 8-19), a destruição de Jerusalém (Mc 13, 14-23, Lc 21, 20-24), a parusia de Cristo (Mc 13, 24-27, Lc 21, 25-28) e a parábola da figueira (Mc 1, 28-32; Lc 21, 29-33). Marcos apresenta a breve parábola do senhor que voltará à noite (Mc 21, 43-36), enquanto Lucas coloca uma exortação à vigilância (Lc 21, 34-36).

Mateus e Marcos encerram o dia com o jantar em Betânia, na casa de Simão, o leproso, e a unção de  Jesus (Mt 26, 6-13; Mc 14, 3-9). Lucas encerra o dia anunciando que Satanás entrara no coração de Judas e este combinara entregar Jesus (Lc 22, 1-5), mas tal relato encaixaria melhor no contexto do dia 10 de Nisã.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Rubricas do Tríduo Pascal: Celebração da Paixão do Senhor


  • Neste dia, “Cristo nossa Páscoa foi imolado” (ICor 5,7). Pela sua morte, Cristo, “morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando restaura nossa vida”.
  • A Igreja comemora seu próprio nascimento e sua missão de estender a todos os povos os salutares efeitos da Paixão de Cristo.
  • A Paixão do Senhor celebra-se às três horas, salvo razões pastorais, mas não depois das 21 horas.
Deve-se preparar:
  • O Altar deve estar desnudo, sem cruz, castiçais nem toalhas
  • As cruzes da igreja devem ser retiradas ou cobertas
  • Paramentos para os celebrantes de cor vermelha
Em lugar apropriado:
  • A cruz, talvez coberta com o véu caso se adote a primeira forma
  • Dois castiçais
No presbitério:
  • Missal
  • Lecionário (no ambão)
  • Toalhas dobradas para o altar
  • Corporal
  • Lavabo + manustérgio
  • Galheta com água
Na capela de reposição:
  • Véu umeral vermelho ou branco para o diácono ou o celebrante
  • Dois castiçais
Rito

Ritos Introdutórios

  • O celebrante e seus assistentes, revestidos de cor vermelha como para a Missa, dirigem-se com os assistentes para o altar.
  • Feita a devida reverência, o celebrante e o diácono prostram-se com o rosto por terra ou ajoelham-se e rezam alguns instantes, em silêncio. Os demais também rezam um momento em silêncio.
  • O celebrante dirige-se à cadeira presidencial e reza, de mãos estendidas, a oração: “Ó Deus, pela Paixão”. Em seguida, sentam-se todos.

Liturgia da Palavra

  • Segue-se a Leitura de Isaías, seu salmo e a Segunda Leitura.
  • O diácono que lê recebe a benção como de costume.
    • Entoa-se o canto antes da Leitura da Paixão.
    • Não se usam incenso ou velas para a leitura da Paixão.
    • Omite-se a saudação ao povo e o sinal da cruz sobre o livro.
    • Depois do anúncio da morte do Senhor, todos se ajoelham e faz-se breve pausa.
    • Diz-se “Palavra do Senhor” ao fim da leitura, mas não se beija o livro.
  • Segue-se a homilia.
  • Recitam-se as orações universais após a homilia.
    • As fórmulas invitatórias podem ser proferidas pelo diácono do ambão.
    • Os fiéis permanecem de joelhos ou de pé, segundo o costume.

Adoração da Santa Cruz

Primeira forma de apresentação da Santa Cruz:
    • A Cruz é levada pelo diácono ao altar, estando coberta, e acompanhada por duas velas acesas.
    • O celebrante recebe a cruz e vai descobrindo-a, entoando três vezes: Eis o lenho da Cruz, convidando os fiéis a adorá-la.
    • Terminado o canto, todos se ajoelham e adoram em silêncio durante breves momentos, enquanto o celebrante a sustenta levantada.
    • A cruz é levada para a entrada do presbitério, ladeada por duas velas acesas.
Segunda forma de apresentação da Santa Cruz:
    • Enquanto o celebrante permanece de pé no presbitério, o diácono, ou, na falta deste, o próprio celebrante, acompanhado por velas, dirige-se para a porta da igreja, onde recebe a cruz descoberta.
    • Junto à porta, no meio da igreja e à entrada do presbitério, o diácno eleva a cruz e convida a adorá-la, com o canto Eis o lenho da Cruz.
    • Depois de cada resposta, todos se ajoelham e adoram breve momento.
    • Em seguida, o diácono coloca a cruz à entrada do presbitério, ladeada por velas acesas.
  • Segue-se a adoração da Cruz
    • Vai primeiro o celebrante, sem casula e, se lhe parecer bem, sem sapatos. Ajoelha-se diante da Cruz, beija-a e retira-se para a cadeira presidencial, retoma o calçado e a casula e senta-se.
    • Seguem-se o diácono, os assistentes e os fiéis.
    • A saudação à cruz pode ser uma simples genuflexão, um beijo ou outro sinal adequado.
    • A cruz deve ser uma só. Caso seja muito grande a afluência de fiéis, após a adoração do celebrante, do diácono e de parte do povo, o celebrante toma a cruz, e, do estrado do altar, convida o povo à adoração e sustenta-a levantada por algum tempo, e os fiéis adoram-na em silêncio.
    • Há indulgência plenária aos que beijam a Cruz nesta ocasião, observadas as exigências devidas.

Rito da Comunhão

  • Terminada a adoração, a Cruz é levada ao seu lugar no altar, e os castiçais acesos são postos junto ao altar ou perto da cruz.
  • Estende-se a toalha sobre o altar, e colocam-se o corporal e o missal.
  • O diácono ou, na falta deste, o próprio celebrante traz o Santíssimo Sacramento da capela de reposição, com dois castiçais ladeando-o, pelo caminho mais curto, sem solenidade.
    • Os castiçais colocam-se junto ao altar ou sobre ele.
    • Enquanto isso, todos permanecem em silêncio.
  • Quando o diácono ou o próprio celebrante colocar o Santíssimo Sacramento sobre o altar e descobrir a âmbula, o celebrante faz a genuflexão.
  • Seguem-se a oração dominical (Pai-Nosso) e seu embolismo, segundo o Missal.
  • Logo após, distribui-se a comunhão, como de costume.
  • Terminada a distribuição, o diácono ou o celebrante, com o véu deombros, leva as reservas eucarísticas restantes para o lugar apropriado fora da igreja.
    • Caso isso não seja possível, coloquem-se as reservas eucarísticas no próprio sacrário.
  • Convém reservar algum tempo em silêncio, após o qual se recita a oração após a Comunhão.

Rito de Conclusão

  • Terminada a oração depois da comunhão, segue-se a despedida.
    • O celebrante, de pé, volta-se para o povo recita a oração: “Que a vossa benção”.
  • O celebrante genuflete à cruz e todos se retiram em silêncio.
  • Em tempo oportuno, desnuda-se o altar.

Cronologia da Semana Santa: Terça-feira Santa (11 de Nisã)

Para os judeus, o dia 11 de Nisã é o dia da escolha do cordeiro pascal (Ex 12, 3). É no contexto desse dia que se pode inserir a traição de Judas (Mt 26,14; Mc 14, 10-11; Lc 22, 3-6). Assim, é no décimo primeiro dia que os chefes dos sacerdotes "escolhem" o seu cordeiro sem defeito, para o sacrifício pascal.

Terça-feira Santa (11 de Nisã)

A figueira seca (Mc 11, 20). Marcos insere a conclusão do episódio da figueira seca no dia seguinte aos acontecimentos de 10 de Nisã, mas com o mesmo simbolismo de Mateus.

Marcos insere aqui os discursos e discussões apresentados por Mateus no dia anterior:
Discussão sobre a autoridade de Jesus (Mc 11, 27-33)
Parábola dos vinhateiros homicidas (Mc 12, 1-12)

O dia em Mateus parece iniciar-se com o discurso sobre o banquete nupcial (Mt 22, 1-14; cf. Lc 14, 16-24). Depois, há a discussão sobre o tributo a César, inserido no mesmo contexto pelos outros sinóticos (Mt 22, 15-22; Mc 12, 13-17; Lc 20, 20-26); a discussão com os saduceus sobre a ressurreição dos mortos (Mt 22, 23-33; Mc 12, 18-27; Lc 20, 27-40); a disputa sobre o maior mandamento, contra os fariseus, a qual é apresentada por Lucas em outro contexto histórico (Mt 22, 34-40; Mc 12, 28-31); a pergunta de Jesus sobre a divindade do Cristo (Mt 22, 41-46; Mc 12, 35-37; Lc 20, 41-44), parte esta que pode considerar-se em Marcos como pertencente à quarta-feira.  Nesse contexto, pode se considerar encerrado o dia em Mateus.

domingo, 17 de abril de 2011

Cronologia da Semana Santa: Segunda-feira Santa (10 de Nisã)

Os dias que precedem a ceia pascal são marcados por discursos e debates em Jerusalém. Mateus apresenta uma série destes, sem muita preocupação cronológica, mas é possível dividi-los em dias.

Lucas, igualmente, não delimita os dias, mas apresenta os discursos sem uma ordem cronológica determinada. Os dias de segunda a quarta-feira são apresentados como dias de ensino no Templo e vigília ao relento no monte das Oliveiras (Lc 21, 37). Dessa forma, Lucas não fala da estadia de Cristo em Betania, como o fazem os outros dois sinóticos.

Segunda-feira Santa: 10 de Nisã

Maldição da  figueira: Mt 21, 18-22, Mc 11, 12-14. Mateus diverge de Marcos, pois apresenta a figueira secando instantaneamente, enquanto Marcos mostra a maldição na segunda e a figueira seca no dia seguinte. Mas o significado é o mesmo: o povo judeu não produziu os frutos esperados.

Expulsão dos vendilhões do templo: Mc 11, 12-14. Apenas Marcos coloca este fato na segunda, enquanto Mateus e Lucas  o apresentam no próprio domingo. Com esse evento, Marcos marca o fim do dia.

Mateus apresenta então uma discussão e duas parábolas neste dia:
Discussão sobre a autoridade de Jesus: Mt 21, 23-27
Parábola dos dois filhos: Mt, 21, 28-32
Parábola dos vinhateiros homicidas: Mt 21, 33-45

O versículo 45 parece indicar o término da ação daquele dia, enquanto o primeiro versículo do capítulo 22 indica uma continuidade de alguma coisa interrompida (Jesus voltou a falar-lhes...).

Rubricas do Tríduo Pascal: Missa da Ceia do Senhor



  • Esta Missa dá início ao Tríduo Pascal.

  • Propõe-se comemorar aquela última Ceia na qual o Senhor amou até o fim os seus e ofereceu ao Pai o seu Corpo e o Sangue e mandou aos seus apóstolos que os oferecessem também.
  • Nesta Missa se faz memória:
    • Da Instituição da Eucaristia
    • Da instituição do sacerdócio
    • Do amor com que Jesus nos amou até a morte.
Deve-se preparar:
  • O que é necessário para a missa ordinária
No presbitério:
  • Âmbula com hóstias para comunhões do dia seguinte
  • Véu umeral
  • Tochas e velas
No lugar do lava-pés:
  • Assentos para os homens designados
  • Jarro com bacia e água
  • Toalha para enxugar os pés
  • O necessário para lavar as mãos (jarro com água e bacia, sabonete, manustérgio)
Na capela de reposição:
  • Flores e outros objetos para ornamentação
  • Sacrário para reposição
Rito

Ritos iniciais

  • A Missa segue-se como no Ordinário.
  • Entoa-se o hino do Glória, durante o qual tocam-se os sinos, que se calam após este toque até a Vigília Pascal.

Liturgia da Palavra

  • Liturgia da Palavra como no ordinário.
  • Terminada a homilia, procede-se ao Lava-pés.
    • Os homens escolhidos são conduzidos ao lugar preparado.
    • O celebrante depõe a casula e cinge-se com a toalha ou, caso haja, com o gremial.
    • O celebrante aproxima-se de cada um dos escolhidos e derrama água sobre seus pés,e enxuga-os, com auxílio do diácono.
    • Depois do lava-pés, o celebrante lava as mãos, reveste a casula e volta à cadeira presidencial.
  • Não se recita o Credo, seguindo-se imediatamente a oração universal.

Oração Eucarística

  • Para a Procissão das Oferendas, pode-se organizar uma procissão de fiéis com dádivas para os pobres (alimentos, roupas ou outros).
    • Também pode-se entrar com os óleos consagrados na Missa do Crisma.
  • Da preparação das ofertas até a Comunhão, procede-se como no Ordinário.
    • Não se tocam os sinos na Consagração.

Transladação do Santíssimo Sacramento

  • Os ritos finais serão omitidos.
  • Após a comunhão, as reservas eucarísticas são deixadas sobre o altar e reza-se a Oração após a Comunhão.
  • Após esta oração, o celebrante, de pé diante do altar, põe incenso no turíbulo e benze-o. ajoelhando-se incensa o Santíssimo Sacramento.
    • Em seguida, o celebrante recebe o véu de ombros, sobe ao altar, genuflete e, ajudado pelo diácono ou por outro ministro idôneo, recebe as âmbulas nas mãos, cobertas com as extremidades do véu.
  • Organiza-se a procissão através da igreja até o lugar de reposição, seguindo-se pelo caminho mais curto.
    • À frente vai a cruz, ladeada por velas acesas.
    • Seguem o diácono e concelebrantes.
    • Turiferário com turíbulo fumegante
    • O celebrante com o Santíssimo Sacramento, ladeado por velas.
    • Demais assistentes e fiéis.
  • Chegado ao lugar de reposição, o celebrante depõe a âmbula no altar ou no Sacrário, deixando a porta aberta.
    • Entoa-se o Tão sublime, enquanto o Santíssimo Sacramento é incensado pelo celebrante, de joelhos. Em seguida, introduz-se o Santíssimo no sacrário ou fecha-se a porta.
    • Após breve oração, todos se retiram em silêncio para a sacristia.
  • Em momento oportuno, o Altar deve ser desnudo e as cruzes da igreja devem ser retiradas ou cobertas.
  • As luzes do sacrário vazio devem ser apagadas.
  • Após a meia-noite, a adoração deve ser feita sem solenidade, e, se possível, em silêncio.

sábado, 16 de abril de 2011

Cronologia da Semana Santa: Domingo de Ramos (9 de Nisã)

Durante a Semana Santa, trazemos novamente à memória a última semana de vida terrena de nosso Salvador, Jesus Cristo. Há certas dificuldades em se elaborar uma cronologia destes acontecimentos, devido a "divergências" entre os evangelistas, os quais colocam alguns fatos em um dia ou em outro, como é o caso da refeição em Betânia, colocada por Mateus na quarta-feira (Mt 26,6) e apresentada por João nas vésperas do domingo (Jo 12,1).

Mas estas aparentes contradições apenas reforçam a veracidade do testemunho evangélico, em vez de desacreditá-lo, mostrando que cada um dos dois evangelistas e apóstolos os apresentam conforme os viveram e deles se lembram ao narrá-los.

Domingo de Ramos (9 de Nisã)

Maria unge os pés
de Jesus
Vésperas do domingo (sábado após o pôr-do-sol):
Jantar na presença de Marta, Maria e Lázaro, onde Maria unge Jesus com nardo puríssimo (Jo 12,1-11). Mateus e Marcos apresentam esse fato na quarta-feira (Mt 26,6; Mc 14, 1) e dão alguns detalhes, como o nome do anfitrião (Simão, o leproso)

Domingo pela manhã
(Seguindo pela cronologia apresentada no Evangelho de João. O dia seguinte em Jo 12, 12, é provavelmente a manhã do dia 9 de Nisã, já que o dia judaico inicia-se no pôr-do-sol da véspera)

Entrada Messiânica de Jesus em
Jerusalém
Entrada messiânica de Jesus em Jerusalém (Mt, 21,1-11; Mc  11, 1-10; Lc 19,28-40; Jo 12,12-16)

Marcos encerra aqui a atividade messiânica de Jesus, após entrada deste no Templo para observá-lo (Mc 11, 10)

Lucas insere no contexto da entrada de Jesus em Jerusalém o lamento e o choro de Jesus sobre a cidade (Lc 19, 41-44)

Expulsão dos vendilhões do Templo (Mt 21, 12-17; Lc 19,45-48). Marcos coloca-o na segunda-feira; João insere essa passagem no contexto da primeira ida de Jesus a Jerusalém, três anos antes da Paixão (Jo 2, 13)

Ensino no Templo (Lc 19, 47-48)

João apresenta a seguir uma discussão sobre a glorificação e a identidade do Filho do Homem, sendo difícil precisar o dia em que a mesma acontece (Jo 12, 20-36)

À tarde, Jesus retorna para Betânia (Mt 12,17; Mc 11,11)

terça-feira, 8 de março de 2011

Mártires do Rio Grande do Norte - Mártires de Uruaçu

Após as notícias dos cruéis massacres de Cunhaú, os moradores do Rio Grande do Norte tornaram-se cada vez mais receosos de novos ataques e suspeitosos da conivência das autoridades flamengas em relação aos ataques.

Por isso, alguns moradores pediram hospedagem no Forte Ceulen, nome dado pelos holandeses à Fortaleza dos Reis Magos, como hóspedes. Entre estes estava o pe. Francisco Ambrósio Ferro.

Após deixar Cunhaú, Jacó Rabe e seus comparsas continuou as pilhagens e os assassinatos em vários outros povoados do Rio Grande do Norte. Em meados de setembro, dirigiu-se a Pontegi, onde os portugueses haviam erigido uma cerca de pau-a-pique para defenderem-se dos ataques.

Em Potengi, localizada a 25 quilômetros de Natal, os moradores estavam temerosos pelo início da insurreição portuguesa em Pernambuco (a qual estava distante, considerando-se as circunstâncias de deslocamento e comunicação da época de Rio Grande) e assustados com os fatos ocorridos, principalmente em Cunhaú. Por isso, montaram uma fortaleza sólida de pau-a-pique a fim de defenderem-se dos holandeses e principalmente de Jacó Rabe. Segundo algumas fontes, setenta moradores ai se defendiam, mas contando apenas os homens adultos; fontes holandesas falam de “232 homens, mulheres e crianças” e mais “100 negros” escravos.

O Alto e Secreto Conselho do Recife determinou a execução de todos os moradores, considerando tal situação como uma insurreição. Jacó Rabe iniciou um cerco à fortaleza de Potengi, onde os moradores resistiram durante quinze dias; mas Rabe mandou trazer peças de artilharia, e os moradores foram obrigados a se render.

No dia 2 de outubro de 1645, o conselheiro Adriaen van Bullestrate, um dos responsáveis pela condução dos destinos do Brasil holandês, desembarcou no Rio Grande, a fim de verificar se as ordens de execução foram executadas.

No dia seguinte, doze portugueses que se encontravam hospedados na Fortaleza dos Reis Magos, incluindo o pe. Francisco Ambrósio, foram levados a Uruaçu, onde se localizava Potengi. Chegando no Porto de Uruaçu, chamado Potengi pelos índios, foram forçados a se despir de suas roupas e a se ajoelhar. Ao sinal dado, os índios potiguares comandados por Antônio Paraopaba, um índio educado na Holanda e um dos defensores mais fanáticos do calvinismo, massacraram de maneira crudelíssima os indefesos mártires, despedaçando-os ainda vivos, enquanto eram convidados a abjurar a fé e trair seu país.

Enquanto isso, os moradores da cerca mantinham-se em orações e penitências, cientes do destino que os aguardava. Após encerrada a execução do primeiro grupo, os soldados foram enviados para buscá-los. As ordens eram para que apenas os homens fossem levados; mas também algumas mulheres, acompanhadas pelos seus filhos, foram levadas e sacrificadas.
Beato Francisco Ambrósio
Ferro

Ao chegarem estes no local de martírio, viram o sangue e os membros dilacerados dos outros companheiros, e resignaram-se com sua sorte. Os índios os martirizaram de maneira igualmente cruel.

Dentre os fatos narrados, destacam-se a violência cometida com excesso contra o pe. Francisco Ambrósio, e a morte de Matias Moreira. Enquanto seu coração era arrancado pelas costas, exclamava: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento!”

Depois de assassinados, os corpos dos mártires foram reduzidos a pedaços. Não se sabe ao certo quantos foram, mas deduz-se aproximadamente oitenta mortos em Potengi, dos quais vinte e oito foram beatificados.

Mártires do Rio Grande: Mártires de Cunhaú

Após a conquista da capitania do Rio Grande pelos holandeses, em 8 de dezembro de 1633, muitos moradores foram mortos em circustâncias diferentes, Um exemplo lembrado pela história é o assassinato de Francisco Coelho, dono do engenho de Potengi, e de sua família, em 14 de dezembro do mesmo ano.

Os fatos ocorridos em Cunhaú e em Uruaçu em 1645, porém, são de natureza diversa. São fatos com uma forte matiz religiosa, e percebe-se na ação dos agressores o ódio pela fé e a aceitação livre do martírio, por amor a Deus, pelo lado dos assassinados.

Cunhaú localiza-se em uma região estratégica dentro dos limites da antiga capitania, e por isso foi logo fortemente conquistada pelos holandeses, logo em 1634. Em 1645, porém, vivia-se em relativa harmonia entre portugueses e holandeses. Apesar da insurreição iniciada em Pernambuco, a notícia ainda não chegara em Rio Grande.

Jacó Rabe era um homem extremamente violento, natural da Alemanha, mas que emigrara para Holanda e trabalhava a serviço da Companhia das Índias Ocidentais. Foi intérprete desta Companhia junto aos índios tapuias, assimilando seus costumes, e casou-se com uma índia, de nome Domingas. Aproveitando-se de sua influência junto aos índios, instigou-lhes a atacar os portugueses, invadindo, saqueando e matando-os. Chegou a ser repreendido algumas vezes pelas autoridades holandesas.

O ano de 1643, o Supremo Conselho dos holandeses expediu uma ordem de prisão contra Rabe, mas a mesma não foi cumprida. Pelo contrário, as autoridades continuaram a acobertá-lo.

No dia 15 de julho de 1645, Rabe chegou ao Rio Grande, alegando trazer uma mensagem do Supremo Conselho Holandês do Recife aos moradores de Cunhaú, e ordenou que todos esperassem após a missa dominical, no dia seguinte, para ouvirem as ordens que trouxera.

Apesar da chuva torrencial, muitas pessoas compareceram à santa Missa, afim de cumprirem o precito dominical, na igreja de Nossa Senhora das Candeias. Outros ainda não puderam comparecer à missa, e refugiaram-se na casa de engenho.

Capela onde aconteceram os martírios
O pároco, pe. André de Soveral, iniciou a santa Missa. Após a Consagração e a elevação da hóstia, Rabe mandou entrar os índios e trancar as portas. Os fiéis foram cruelmente assassinados enquanto rezavam, sem esboçar reação.

Os índios tapuias tentaram atacar o pe. André, mas este exortou-os a não tocar nos objetos sagrados e no altar, e ficaram com medo de o matar. Mas um índio potiguar, Jererera, fanaticamente convertido à religião calvinista, o feriu com uma adaga.

Após o massacre na capelinha, os agressores dirigiram-se à casa de engenho, onde quase todos os moradores tiveram semelhante fim, com exceção de três moradores, os quais fugiram pelo telhado, e do dono do engenho, Gonçalo de Oliveira, e sua família, tidos como amigos dos invasores flamengos.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mártires do Rio Grande do Norte - Contexto Histórico

O ano de 1645 foi marcado por dois eventos trágicos e, ao mesmo tempo, extraordinários testemunhos de fé católica no Rio Grande do Sul. Tratam-se dos martírios do pe. André de Soveral e dos fiéis que participavam da Santa Missa em Cunhaú, e do pe. Ambrósio Francisco Ferro e outros aldeões foram assassinados pelos conquistadores calvinistas, em Uruaçú.

Contexto Histórico

A partir de 1500, com a descoberta do Brasil e o início da evangelização, a fé católica foi introduzida na colônia portuguesa através dos jesuítas, principalmente, os quais vinham em companhia do colonizadores lusitanos. Porém, Portugal não era o único interessado nas terras brasileiras. Já no século XVI, franceses fundaram a "França Antártida" na região do atual Rio de Janeiro, sendo expulsos em 1560, com o auxílio dos padres Anchieta e Manoel de Nóbrega.

Cerco holandês a Olinda, em 1630
No ano de 1580, a dinastia de Avis, regente de Portugal desde 1385 findou-se com a morte de dom Sebastião e de seu tio, o cardeal Henrique. Portugal caiu nas mãos de Filipe II, da Espanha, a qual vivia seu momento de maior esplendor.

Apesar de manter sua independência administrativa e jurídica, Portugal foi relegado a um segundo plano. Juntamente com a ascensão naval holandesa.

Os holandeses conquistaram a capitania de Pernambuco em 1630, apesar de serem constantemente ameaçados pelos portugueses, e expandiu seus territórios por capitanias vizinhas. Em 1597, os jesuítas iniciaram o trabalho evangelizador na capitania de Rio Grande após a expulsão de invasores franceses. A partir de 1633, a igreja no Rio Grande do Norte foi ameaçada pelas autoridades holandesas, calvinistas que defendiam a liberdade religiosa mas eram hostis à fé católica e que incentivava o prosetilismo calvinista.
Maurício de Nassau

O ano de 1640 é marcado pela restauração de Portugal. O grande governante holandês, Maurício de Nassau, é transferido em 1644, e a política de seus sucessores estoura a insurreição pernambucana. O clima de hostilidade dos governantes holandeses acentua-se contra os portuguesas.

O cenário no qual ocorreu os martírios de 1645 não é somente de uma guerra política, mas também de perseguição religiosa. No nordeste brasileiro, não distinção entre religião e política: Portugal e religião católica são vistos como uma coisa só; os novos governantes não toleram mais a fé católica como anteriormente Nassau. Esse é o contexto no qual se  dará o martírio de mais de cento e cinquenta pessoas, das quais trinta foram beatificadas (por teresm sido identificadas) de maneira crudelíssima pelo governo holandês e por índios convertidos ao calvinismo.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Beato Inácio de Azevedo e seus companheiros mártires: relato biográfico dos trinta e nove mártires

Beato Inácio de Azevedo e seus trinta
e nove companheiros, mártires

Breve relato da vida dos trinta e nove companheiros de martírio de Inácio de Azevedo:

Beato Diogo de Andrade, padre

Nascido em Pedrógão Grande, próximo a Leiria, Portugal, em 1531. Cuidava da fazenda da família; ouvia missa todos os dias e quis entrar para a Companhia pelo bom exemplo dos padres, para ajudá-los a "converter as almas à Fé de Cristo". Em Coimbra ocupou os afazeres humildes da casa, na cozinha, refeitório, portaria, etc. Depois de estudar latim e teologia moral, foi destinado ao Brasil e assim ordenado sacerdote, já com 38 ou 39 anos. A bordo da nau Santiago exercia o ofício de ministro, e foi um dos que animaram os marinheiros para a defesa da embarcação. Ferido na cabeça e a punhaladas, foi lançado vivo ao mar.

Beato Bento de Castro, irmão, estudante

Nascido em Vila de Chacim, de Trás-os-Montes, Portugal, em 1543, de família fidalga e rica. Estudando em Bragança e depois em Lisboa, aí entrou na Companhia em 1561, com quase 18 anos. Era estudante de filosofia em Coimbra quando o destinaram ao Brasil. Ficou extremamente feliz, pois desejava ser missionário e "morrer pela fé de Cristo". Embora ainda não fosse padre, exercia na nau Santiago o ofício de mestre de noviços e explicava a doutrina às pessoas da nau. Foi o primeiro a ser ferido com pelouros e punhaladas e lançado ao mar ainda vivo.

Beato Antônio Soares, irmão, estudante

Nascido em Trancoso, Portugal. Entrou na Companhia em 1565 como estudante, e ocupava-se dos ofícios comuns na casa durante a permanência em Val de Rosal. Foi ele quem deu a notícia de que a tão esperada nau Santiago havia chegado a Lisboa, vindo do Porto, em 8 de maio de 1570. Na nau Santiago ajudava os feridos e animava os combatentes. Crivado de punhaladas, foi lançado vivo ao mar.

Beato Manuel Álvares, irmão, coadjutor

Nascido em Estremoz, Portugal, em 1536, entrou na Companhia como Coadjutor, em Évora, em 1559. Era trabalhador do campo e guardava gado; contava que estava arando a terra certa vez, e sentiu o desejo de ser peregrino e nada ter por amor a Deus, fazendo parte de alguma ordem religiosa. Depois dessa inspiração de Deus, foi levado por um sacerdote à Companhia. Aprendeu a ler e pediu para ir ao Brasil. Na nau Santiago, durante o combate gritava animando os combatentes para que não se deixassem vencer pelos hereges, pois batalhavam pela fé. Foi lançado vivo ao mar.

Beato Francisco Álvares, irmão, coadjutor

Nascido em Covilhã, Portugal, em 1539. Entrou na Companhia em Évora com 25 anos de idade, e tinha o ofício de tecelão e cardador. Foi lançado vivo ao mar.

Beato Domingos Fernandes , irmão, estudante

Nascido em Vila de Borba, no Alentejo, Portugal, em 1551. Entrou na Companhia com 16 anos de idade em Évora. Ferido a punhaladas e lançado vivo ao mar.

Beato João Fernandes, de Braga, irmão, estudante

Nascido em Braga, Portugal, em 1547. Ingressou na Companhia em Coimbra em junho de 1569, com 22 anos. Foi lançado vivo ao mar.

Beato João Fernandes, de Lisboa, irmão, estudante

Nascido em Lisboa, Portugal, em 1551. Entrou na Companhia em Coimbra, em abril de 1568, com 17 anos, habilidoso para o estudo de letras. Foi vivo ao mar.

Beato Antônio Correia, irmão, estudante

Nascido no Porto, Portugal, em 1553. Entrou para a Ordem com 16 anos. Maltratado pelos hereges com os punhos de uma adaga e lançado vivo ao mar. Ao abrir-se o processo de canonização no Porto em 1628, muitos já lhe tinham devoção.

Beato Francisco de Magalhães, irmão, estudante

Nascido em Alcácer do Sal, Portugal, em 1549. Já estudante em Évora, entrou para a companhia com 19 anos, em 1568. Cantava admiravelmente e era dedicado colaborador de Pe. Inácio; ajudava na instrução religiosa dos marinheiros. Ao ser lançado vivo ao mar, disse aos hereges: "Ah! Irmãos, Deus vos perdoe isto que fazeis".

Beato Marcos Caldeira, irmão

Nascido em Vila da Feira, Portugal, em 1547. Entrou na Companhia em Évora, com 22 anos, como indiferente, isto é, para ser estudante ou coadjutor conforme se revelassem suas aptidões. Vivo ao mar.

Beato Amaro Vaz, irmão, coadjutor

Nascido em Benviver, distrito do Porto, Portugal, em 1553. Entrou para a Companhia com 16 anos e logo seguiu para Val de Rosal. Apunhalado e atirado vivo ao mar.

Beato João Maiorga, irmão, coadjutor

Nascido em 1533, em Saint-Jean Pied-de-Port, povoado da Gasconha, pertencente à França, mas que na época do seu nascimento era da Espanha. Quando Pe. Inácio passou por Valência voltando de Roma, ele foi um dos indicados para o Brasil, pois era pintor de profissão, arte que seria muito útil então ao nosso país. Deixou quadros em Saragoça. Em Val de Rosal ensinava pintura aos companheiros, e chegou a fazer duas ou três imagens de Nossa Senhora. Era um dos designados a animar os combatentes. Lançado vivo ao mar.

Beato Alonso de Baena, irmão, coadjutor

Nascido em Villatobas, Toledo, Espanha, em 1539. Estava terminando o noviciado, com 30 anos de idade, quando Pe. Inácio o levou para Portugal com destino ao Brasil. Tinha o ofício de ourives. Em janeiro de 1570 estava residindo no Colégio do Porto, e trabalhava na horta. Um dos designados para animar os combatente e curar os feridos. Após ser ele também ferido, foi lançado ao mar vivo.

Beato Esteban de Zuraire, irmão, coadjutor

Nascido em Biscaia, Espanha. Era bordador de ofício, e ocupava o posto de roupeiro no Colégio de Placência quando por aí passou o Pe. Inácio recrutando voluntários. Um dos escolhidos para animar os combates. Lançado vivo ao mar.

Beato Juan de San Martín, irmão, estudante

Nascido em Yuncos, Toledo, Espanha, em 1550. Estudava na Universidade de Alcalá e foi para Portugal com destino ao Brasil. Animava os combates. Lançado vivo ao mar.

Beato Juan de Zafra, irmão, coadjutor

Nascido em Jerez, Espanha. Aceito para o Brasil em Cuenca, entrou na Companhia em Évora, a 8 de fevereiro de 1570. Lançado vivo ao mar.

Beato Francisco Pérez Godói, irmão, estudante

Nascido em Torrijos, Espanha, em 1540. Bacharel em Cânones pela Universidade de Salamanca. Fez os Exercícios Espirituais e entrou na Ordem em abril de 1569. Foi com Pe. Inácio para Portugal, onde continuou o noviciado, já com 30 anos de idade. Era parente de Santa Teresa de Ávila. Muito estimado por todos, era também cantor e tocava harpa e outros instrumentos. Um dos escolhidos para animar os combates. Ferido a punhaladas e lançado vivo ao mar.

Beato Gregório Escribano, irmão, coadjutor

Nascido em Logroño, Espanha. Veio com Pe. Inácio para Portugal quando este passou pela Espanha. Lançado vivo ao mar.

Beato Fernán Sanchez, irmão, estudante

Nascido na Espanha, em Castela-a-Velha. Recebido em Salamanca por Pe. Inácio , com destino ao Brasil. Lançado ferido ao mar.

Beato Gonçalo Henriques, irmão, estudante

Nascido no Porto, Portugal. Era subdiácono ou diácono. Um dos que animavam os combates. Lançado ao mar, não se sabe se ainda vivo ou já morto.

Beato Álvaro Borralho, irmão, estudante

Nascido em Elvas, Alentejo, Portugal. Era excelente cantor. Embora tenha adoecido na Ilha da Madeira, quis seguir na nau Santiago. Lançado vivo ao mar.

Beato Pero Nunes, irmão, estudante

Adicionar legendaNascido em Fronteira, Alentejo, Portugal. Lançado vivo ao mar.

Beato Manuel Rodrigues, irmão, estudante

Nascido em Alcochete, Portugal. Lançado vivo ao mar.

Beato Nicolau Diniz, irmão, estudante

Nascido em Bragança, Portugal, em 1553. Era de pele morena, tinha graça em representar, e entrou na Companhia em Val de rosal, com 17 anos. Lançado vivo ao mar.

Beato Luís Correia, irmão, estudante

Nascido em Évora, Portugal. Vivo ao mar.

Beato Diogo Mimoso, irmão, estudante

Nascido em Nisa, Portalegre, Portugal. Freqüentava o curso de filosofia na Universidade de Évora. Ofereceu-se para ir ao Brasil e foi recebido. Morto à lançada e jogado ao mar.

Beato Aleixo Delgado, irmão, estudante

Nascido em Elvas, Portugal, em 1555. Filho de um cego, a quem servia de guia. Como era pobre, entrou para o Colégio de Évora servindo e estudando ao mesmo tempo. Passando Pe. Inácio por Évora, admitiu-o na Companhia para ir para o Brasil, com apenas 14 anos de idade. Era bom cantor. Vivo ao mar.

Beato Brás Ribeiro, irmão, coadjutor

Nascido em Braga, Portugal, em 1546. Já estava na Companhia, no Porto, quando o Pe. Inácio o recebeu para o Brasil em janeiro de 1570, com 24 anos de idade. Os hereges o mataram com uma cutilada na cabeça enquanto estava ajoelhado rezando diante das relíquias, e morto foi lançado ao mar.

Beato Luís Rodrigues, irmão, estudante

Nascido em Évora, Portugal, em 1554. Entrou na Companhia enquanto cursava o ginásio, aos 16 anos, em 15 de janeiro de 1570. Continuou o noviciado em Val de Rosal e na nau do martírio. Depois da morte do Pe. Inácio exortava os colegas: "Irmãos, animemo-nos e ajudemo-nos do Credo, porque o sangue de Cristo não se há de perder". Ferido a punhaladas e lançado ainda vivo ao mar.

Beato André Gonçalves, irmão, estudante

Nascido em Viana de Alvito, Portugal. Havia estudado na Universidade de Évora. Foi recebido pelo Pe. Inácio diretamente para o Brasil. Depois de apunhalado, foi lançado ao mar.

Beato Gaspar Álvares, irmão

Nascido no Porto, Portugal. Quando a nau foi atacada pela armada dos huguenotes e atacada por balas de canhão, uma delas quase acertou Gaspar, que disse: "Oh! Prouvera a Deus que aquele pelouro me tivesse acertado e matado por amor de Deus". Ferido a punhaladas e lançado vivo ao mar.

Beato Manuel Fernandes, irmão, estudante

Nascido em Celorico, Portugal. Vivo ao mar.

Beato Manuel Pacheco, irmão, estudante

Nascido em Ceuta, cidade que à época pertencia a Portugal, ao norte do Marrocos. Um dos que animavam os combates. Lançado ao mar.

Beato Pedro Fontoura, irmão, coadjutor

Nascido em Braga, Portugal. Estando em oração diante das relíquias, um herege acutilou-o no rosto, cortando-lhe a língua; assim foi lançado ao mar.

Beato Antônio Fernandes, irmão, coadjutor

Nascido em Montemor-o-Nôvo, Portugal. Entrou na Companhia em janeiro de 1570; era muito bom carpinteiro e em Val de Rosal era o chefe de oficina. Lançado vivo ao mar.

Beato Simão da Costa, irmão, coadjutor

Nascido no Porto, Portugal. Como era noviço a pouco tempo e ainda não estava com o hábito, a veste religiosa, os hereges acharam que deveria ser algum pajem, pelo qual poderiam exigir algum resgate. Por isso não o mataram no dia 15, como fizeram com todos os demais. Foi interrogado no dia seguinte, e ao responder que era religioso como os outros, foi degolado. Foi o único que recebeu esse gênero de martírio, e no dia seguinte, 16 de julho de 1570.

Beato Simão Lopes, irmão, estudante

Nascido em Ourém, Portugal. Vivo ao mar.

Beato João Adauto

Natural de Entre Douro e Minho, Portugal. Sobrinho do capitão da nau Santiago, não era da Companhia, embora desejasse vir a sê-lo. Em toda a viagem andava com Pe. Inácio e os demais religiosos, e durante o combate vestiu um dos hábitos religiosos que tiraram dos jesuítas. Vendo que os irmãos se deixavam matar sem resistência, consentiu no mesmo. Lançado vivo ao mar.