domingo, 2 de setembro de 2012

Cardeal Martini: "O ser humano é maior que seus pecados"


No último dia 31 de agosto, sexta-feira, faleceu na Itália o cardeal italiano Carlo Maria Martini. Pastor zeloso de seu povo, esteve sempre preocupado com as questões sociais e os grandes desafios pastorais em sua diocese e pelos quais toda a Igreja também atravessava. Incompreendido por muitos, foi chamado de polêmico, progressista e até de herege pelos menos abertos a novas ideias.

Em seus mais de sessenta livros, expressa sua grande preocupação com o futuro da Igreja e dos fiéis, e da necessidade de enfrentar os desafios de um mundo que se afasta continuamente dos ideais cristãos, e precisa de uma resposta adequada aos desafios pastorais hodiernos, como os casais em segunda união, a homossexualidade, a juventude afastada do cristianismo, os não-crentes, os que se afastaram da fé, sem afastar-se da doutrina. Aponta direcionamentos, a necessidade de evangelizar os novos meios, em especialmente a internet, e usar destas ferramentas de uma maneira nova e atrativa. Um exemplo disto foi o apoio dado por ele e pelo cardeal Tucci ao site Viva il concilio, destinado à defesa e à divulgação do Concílio Vaticano II; em uma entrevista, afirmou que se podia usar de outras ferramentas, como a Wikipedia ou mesmo o Facebook, o qual ele afirmou, humildemente, que ainda não sabia muito bem como utilizar.

 Mas o que lhe valeu a má fama foi
o convite a discutir a situação de divorciados na Igreja, a eleição e nomeação do episcopado, a questão do celibato clerical, o uso de anticoncepcionais, maior participação da mulher na vida eclesial e pedir uma postura mais flexível em relação aos homossexuais, propondo a escuta e a compreensão. Pedia também um diálogo mais profundo entre a Igreja e os dirigentes políticos.

Ao meu ver, um dos seus trechos mais expressivos, onde afirma sobre a dignidade humana e o pecado:

Gostaria de gritar mais uma vez que o ser humano é maior do que o seu pecado, o ser humano é maior do que os seus erros, o ser humano, por mais culpado que seja, continua sendo ser humano. As suas fragilidades, os dramas que o habitam, as monstruosidades que pode ter cometido ofuscam, desbotam, mas não apagam a sua dignidade que, ao contrário, a sociedade é chamada a reconstruir, a limpar, a educar, a medicar. Jesus diz: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores" (Marcos 2, 17).


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