segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Beato Inácio de Azevedo e seus companheiros mártires

Natural de Porto, em Portugal, Inácio de Azevedo foi martirizado enquanto se encaminhava para o Brasil com uma comitiva de mais trinta e sete jesuítas irmãos e um padre jesuíta, quando foram abordados por um navio pirata comandado pelos huguenotes, perto das Ilhas Canárias, e foram martirizados.
Dentre todos os quarenta mártires, somente Inácio já havia posto os pés no Brasil. Para os demais, a Terra de Santa Cruz era apenas um sonho, o qual não realizou-se.

Inácio era oriundo de uma família rica e influente da região de Porto, em Portugal, nascido em 1526 ou 1527. Era filho ilegítimo do comendador Manuel de Azevedo, legitimado aos doze anos de idade por decreto do rei. Um de seus irmãos, D. Jerônimo de Azevedo, tornou-se vice-rei da Índia portuguesa.

Aos dezoito anos foi nomeado pelo pai administrador das riquezas da família. Mas, ao ouvir as pregações dos padres jesuítas, decidiu abandonar tudo o que tinha e ingressar na Companhia de Jesus, em 1548, com vinte e dois anos de idade.

Destacou-se pelas suas virtudes, pela dedicação nos estudos e obrigações, pela vida intensa de oração e pela humildade. Rapidamente alcançou a confiança dos superiores, e tornou-se superior do Colégio de Lisboa antes mesmo da ordenação sacerdotal, ocorrida em 1553, com vinte e cinco ou vinte e seis anos. Após a ordenação, trabalhou na Diocese de Braga, cujo bispo pedira aos jesuítas padres para ajudá-lo a organizar a Diocese.

Beato Inácio de Azevedo
Em 1565, são Francisco Borja, Superior Geral da Companhia de Jesus, envia-o como visitador apostólico para o Brasil e a Índia. Chegou em terras brasileiras em 24 de agosto de 1566, com quarenta anos de idade. Visitou todas as obras jesuítas no Brasil. Conheceu aqui Mém de Sá e também o pe. Anchieta e o pe. Manoel da Nóbrega, os quais estavam atuando em missão no país.

Após três anos de visitas, pediu ao Superior Geral reforços para as missões, o qual lhe autorizou a organizar uma expedição. Retornando à Europa, reuniu em Portugal e na Espanha um grupo de setenta e três missionários, e organizou a expedição para virem ao país. Em 1569, foi nomeado Provincial jesuíta no Brasil, cargo no qual foi sucedido após a morte por pe. Manoel da Nóbrega e depois por José de Anchieta.

Em 5 de junho de 1570, Inácio partiu para o Brasil em companhia de três naus do novo Governador Geral do Brasil, Dom Luiz Fernandez de Vasconcellos. A nau do governador parou na Ilha da Madeira, onde este precisava cumprir alguns compromissos antes de partir. A nau de Inácio, chamada Santiago, devia seguir às Ilhas Canárias, a fim de desembarcar mercadorias. No dia 15 de julho, navios corsários do pirata Jacques Soria pararam a embarcação onde Inácio estava com mais trinta e oito religiosos, dos quais um padre (Pe. Diogo de Andrade), e assaltaram o navio. Deixaram os passageiros em paz, mas atacaram violentamente os religiosos. Inácio foi brutalmente ferido, mas mesmo assim continuou inspirando coragem aos seus companheiros: "Irmãos, não chegaremos ao Brasil, mas fundaremos um colégio no céu!"

Visão de Sta. Tereza de Ávila
sobre o martírio de Inácio e
seus companheiros
Um rapaz, de nome João Adauto, era sobrinho do capitão da nau, e alimentava o desejo de ingressar nos jesuítas. Enquanto via o martírio dos religiosos, não resistiu quando ele mesmo também foi atirado ao mar para a morte. Ele também é considerado um dos quarenta mártires.

Um dos irmãos presentes, Francisco Pérez de Godoy, era parente de Santa Tereza de Ávila. Narra-se, inclusive, que a santa teve uma visão do martírio destes bem-aventurados.

Parte do grupo de jesuítas arregimentados por Inácio, os quais viajavam na nau do governador comandados pelo pe. Pero Dias, permaneceu na Ilha da Madeira. Após receberem a notícia do martírio de seus companheiros, embarcaram  em duas naus distintas, e seguiram viagem para o Brasil em fins de 1570, mas tempestades e mau tempo os desviaram da rota original e foram parar em Cuba, onde um dos irmãos foi deixado por motivo de doença.

Ao retornar ao mar e tentar retomar a rota original, voltaram para perto das Ilhas Canárias, onde foram atacados por piratas. Em uma triste coincidência, um dos navios participantes do ataque era o mesmo usado por Jacques Soria. Era dia 13 de setembro de 1571: cinco irmãos foram mortos naquele dia, e outros nove atirados ao mar no dia seguinte; dois destes últimos, porém , sobreviveram e foram salvos por um navio francês, que os deixou na costa espanhola, onde narraram o martírio de seus doze companheiros. Um dos irmãos, porém, teve medo da morte e disfarçou-se de um funcionário na tripulação; por fim, foi lançado ao mar, mas não foi considerado mártir.

A causa de beatificação de todos os 52 religiosos jesuítas foi introduzida em conjunto, em 1628. Porém, devido às dificuldades em tratar do processo dos dois grupos em conjunto fez cada um seguir seu rumo próprio. Foram beatificados pelo papa Pio IX em 11 de maio de 1854, quando já possuíam um culto amplamente enraizados em Portugal e na Espanha. Os outros doze mártires de 1571 são ainda Servos de Deus.

Inácio de Azevedo e seus companheiros, "Mártires do Brasil"

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