quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O processo de canonização

O processo de canonização compõe-se de três fases distintas. A primeira fase é a fase diocesano, porque é realizada na própria Diocese onde a pessoa viveu ou morreu.

Canonização de Sta.
Maria Goretti, tida
como uma das mais
emocionantes da
história
O bispo diocesano, de livre vontade ou pelo pedido dos fiéis, deve iniciar a investigação sobre a vida, as virtudes, o martírio e a fama de santidade da pessoa em questão. Após instaurar esse processo, a pessoa é declarada Serva de Deus, mas o seu culto e devoção públicos são ainda proibidos. Deve nomear para isso um postulador, o qual deve investigar com bastante profundidade e cuidado a vida da pessoa e os motivos pelos quais tal personagem poderia vir a ser declarado santo para toda a Igreja. Deve também analisar com zelo, auxiliado se necessário por uma equipe de teólogos, os escritos de sua autoria, incluindo cartas ou outros inéditos e fora do conhecimento comum, verificando a conformidade com a fé e a moral católicas. Devem ser ouvidas também testemunhas (se ainda as houver), e proceder uma investigação separada sobre os possíveis milagres. Terminadas as investigações, o bispo deve encaminhar duas cópias dos processos, os escritos e a opinião dos teólogos à Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano.

A segunda fase é chamada fase romana, pois se dá em Roma, e pode culminar com a beatificação. a responsabilidade é agora da Congregação para a Causa dos Santos. Presidida pelo Presidente, auxiliado por um secretário, auxiliado pelos subsecretários, estes verificam se a investigação procedida na  Diocese foi realizada segundo as normas da Igreja, e, em caso positivo, encaminham o processo do Servo de Deus a um Colégio de Relatores, os quais estudam o processo em questão, segundo as circunstâncias teológicas, históricas e outras, e preparam um documento, chamado Positio, sobre as virtudes e o martírio.

Após elaborada a Positio, essa é apresentada a peritos, os quais examinam sua precisão histórica e científica, após o que é apresentada a uma comissão de teólogos, encarregados de examiná-la com profundidade.

Enquanto isso, os milagres realizados após a morte do Servo de Deus e atribuídos a sua intercessão são examinados por outra equipe de peritos (incluindo médicos, em caso de curas), a qual se encarrega de elaborar uma minuciosa relação sobre os mesmos. Depois, são discutidos por uma comissão de teólogos e na Congregação dos Cardeais e Bispos.

Canonização de frei Galvão, em
São Paulo
Tanto a Positio quanto a relação sobre os milagres são apresentadas à Congregação dos Cardeais e Bispos, os quais deliberam sobre o processo. Caso o considerem válido e realmente claro as virtudes ou o martírio e os milagres atribuídos ao Servo de Deus, os Cardeais apresentam a causa ao Santo Padre, a quem compete o culto público. Após o reconhecimento da vivência heróica das virtudes ou da constatação de martírio, é marcada a cerimônia de beatificação, a ser celebrada pelo próprio Papa ou por um cardeal para isso delegado. O servo de Deus passa a se chamar, então, Bem-aventurado ou Beato.

A fase diocesana de uma canonização só pode ser iniciada cinco anos após a morte da pessoa em questão, salvo a dispensa do Papa, como ocorreu com João Paulo II. A beatificação não obriga a todos os fiéis aceitarem o culto a um determinado santo, mas o restringe a uma determinada Diocese ou região. O processo de canonização, que seria a terceira parte, é bastante semelhante à segunda parte, mas obriga em força de fé a acreditar que tal pessoa se encontra no céu e a cerimônia é presidida normalmente pelo Papa. Após a canonização, o beato é declarado santo e seu culto adquire caráter universal.

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