sábado, 1 de janeiro de 2011

Epifania do Senhor: Os três “Reis Magos”



A festa da Epifania do Senhor é comemorada no dia 6 de janeiro, e lembra a chegada de sábios do Oriente para adorarem a Jesus Cristo, ainda Menino, e comemora a manifestação da salvação de Cristo a todos os povos. No Brasil, como esse dia não é feriado, é transferida para o primeiro domingo após o dia 1º de janeiro.

A Sagrada Escritura não afirma que fossem reis, mas sim magos ou sábios (mas não no sentido de feiticeiros ou bruxos). Após virem um astro miraculoso a partir do Oriente (a estrela), compreendem o anúncio do nascimento do Rei dos judeus, e partem para prestar-lhe homenagem, a esse Rei tão grandioso, cujo nascimento é anunciado até mesmo pelos astros.

Perdendo a pista desta estrela, param em Jerusalém, onde pedem informações ao rei Herodes. Herodes, conhecido pela sua crueldade e pelo medo de perder o seu trono (Flávio Josefo narra como ele ordenou a execução de dois de seus filhos, Alexandre e Aristóbulo, e de sua esposa Mariana, por temer um golpe de governo), o rei se assusta, juntamente com toda a população, e temem.

A partir das afirmações de Mateus, pode-se deduzir que eles reconheceram na narração dos magos o nascimento do Messias. Por isso, Herodes consulta os os chefes dos sacerdotes e os doutores da Leis, os quais afirmam a profecia de Miquéias (5, 1-3):

Mas tu, Belém de Éfrata, pequenina entre as aldeias de Judá, de ti é que sairá para mim aquele que há de ser o governante de Israel. Sua origem é antiga, de épocas remotas. Por isso Deus os abandonará até o momento em que der à luz aquela que deve dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para os filhos de Israel. Ele se levantará para apascentar com a força do Senhor, com o esplendor do nome do Senhor seu Deus. E estarão bem seguros, porque agora ele é grande até os limites do país, e ele próprio será a paz.

Após isso, conversa secretamente com os magos, orientando-os a procurá-lo após encontrarem o Menino, dizendo que pretendia adorá-lo. Mas Herodes queria na verdade matá-lo.

Os magos, quando saem da cidade de Jerusalém, avistam novamente a estrela, a qual os conduz até o lugar onde estava o Menino. Lá apresentam os presentes trazidos: ouro, incenso e mirra. Depois, retornam por outro caminho, avisados em sonho para não voltarem a Herodes.

É interessante notar: a Bíblia não afirma mais que eles estavam no presépio, mas sim em uma casa. É provável que o fato narrado não tenha ocorrido de fato no dia do nascimento de Jesus, mas alguns dias depois. Pode ser até mesmo após a Apresentação, pois nessa ocasião Maria e José apresentam como oferta dois pombinhos, sinal de não possuírem qualquer riqueza. A Escritura também diz que a Sagrada Família já estava em uma casa, talvez hospedados por algum parente de José. Pessoalmente, penso na possibilidade de tal encontro ocorrer assim que José e Maria voltaram com o Menino do Templo: os magos veriam a estrela sobre Jerusalém, pois lá estava o Menino, no templo, e dirigem-se para a cidade; mas a Sagrada Família retorna a Belém, sem saber ainda se deveriam retornar a Nazaré ou não.

Mas o mais importante desta narrativa não são o número dos magos ou a data do encontro, mas sim o seu sentido espiritual: o reconhecimento da divindade de Jesus por todos os povos. O ouro é presente para um rei, e, ao mesmo tempo, é um sinal forte da Providência: seria o sustento da Sagrada Família em seu exílio no Egito; o incenso, mais propriamente o olibanum, sinal da oração subindo aos céus e da fé, presente para um sacerdote; a mirra, erva espinhosa e de sabor amargo, um poderoso anti-séptico usado nas mumificações, simboliza a imortalidade e é um presente para um profeta. A mirra também indica o martírio de Jesus: ela é usada na mistura que envolverá o corpo de Cristo depositado no sudário. Há quem também veja o ouro como sinal da realeza, o incenso, da divindade, e a mirra, da humanidade. Por meio de seus presentes, os magos reconheceram em Jesus o verdadeiro Salvador da humanidade, de todos os povos.

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