sábado, 1 de janeiro de 2011

Epifania do Senhor: trecho da homilia do Papa Bento XVI sobre os Reis Magos


Eles (os magos) levaram ouro, incenso e mirra. Sem dúvida, não são dons que correspondem às necessidades primárias ou quotidianas. Naquele momento, a Sagrada Família certamente teria tido mais necessidade de algo diferente do incenso e da mirra, e nem sequer o ouro podia ser-lhe imediatamente útil. Mas estes dons têm um profundo significado: são um acto de justiça. Com efeito, segundo a mentalidade em vigor nessa época no Oriente, representam o reconhecimento de uma pessoa como Deus e Rei: ou seja, são um acto de submissão. Querem dizer que a partir daquele momento os doadores pertencem ao soberano e reconhecem a sua autoridade. A consequência a que isto dá origem é imediata. Os Magos já não podem continuar pelo seu caminho, já não podem regressar para junto de Herodes, já não podem ser aliados com aquele soberano poderoso e cruel. Foram conduzidos para sempre pela senda do Menino, aquela que lhes fará ignorar os grandes e os poderosos deste mundo e que os conduzirá para Aquele que nos espera no meio dos pobres, o único caminho do amor que pode transformar o mundo.

Portanto, os Magos não só se puseram a caminho, mas a partir daquele seu gesto teve início algo de novo, foi traçado um novo caminho, desceu sobre o mundo uma nova luz que não se apagou. Realiza-se a visão do profeta: aquela luz não pode mais ser ignorada no mundo: os homens caminharão rumo àquele Menino e serão iluminados pela alegria que só Ele sabe doar. A luz de Belém continua a resplandecer no mundo inteiro. A quantos a acolheram, Santo Agostinho recorda: "Também nós, reconhecendo Cristo, nosso rei e sacerdote morto por nós, O honramos como se tivéssemos oferecido ouro, incenso e mirra; só nos falta dar testemunho dele, percorrendo um caminho diferente daquele pelo qual viemos" (Sermo 202. In Epiphania Domini, 3, 4).


http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/homilies/2010/documents/hf_ben-xvi_hom_20100106_epifania_po.html

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