domingo, 24 de outubro de 2010

Gestos Litúrgicos



A vida do homem é marcada por gestos com significado. Um aceno de cabeça pode significar afirmação ou negação, um piscar de olhos pode ser uma aprovação, um balançar das mãos indica despedida, um dedo levantado indica pedido de atenção. Também na Liturgia, os diversos gestos e movimentos possuem um significado mais profundo.

Gestos com as mãos

Os gestos são de movimentos do corpo, especialmente da cabeça e dos braços, capazes de exprimir idéias, sentimentos e de realçar o sentido da palavra.

As mãos são o órgão mais importante no ser humano para fazer obras externas. O homem pode usá-la para fazer o bem ou o mal. A mão aberta é sentido de generosidade. Estar nas mãos de Deus significa estar em seu poder e disposição, na proteção de Deus.

Sinal da Cruz: não é um sinal precipitado, disforme, mas um sinal bem feito, lento, da fronte até o peito, de um ombro ao ombro. O sinal da Cruz é o sinal do cristão, daquele que acredita que foi pela Cruz que veio a salvação. Na Cruz, Cristo redimiu a humanidade inteira. Por meio da Cruz, Ele santifica o homem, totalmente. Por isso, ele é feito antes da oração, para que ordene e concentre os nossos pensamentos, coração e vontade em Deus. Depois de rezar, para que permaneçam as graças recebidas. Na tentação, para fortalecer. No perigo, para proteger.

O sentido do sinal da cruz é o pedido de bênçãos, da proteção de Deus. Deve ser feito lentamente, amplamente e com cuidado. Ele é feito pela própria pessoa, ao início da Liturgia e ao final; é traçado sobre a testa, a boca e o peito na Proclamação ao Evangelho; é feito sobre o Livro do Evangelho pelo sacerdote ou diácono que o proclama; é feito sobre as oferendas, antes da Consagração; por fim, é traçado no ar ao se abençoar o povo.

Juntar as mãos: as mãos juntas indicam o recolhimento, a oração profunda e o contato com Deus. As mãos juntas indicam alguém que se recolhe em si e se mantém a sós com Deus em seu coração, como se o quisesse manter dentro de si, escondido. É um gesto que diria: “estou a sós com Deus”. É também atitude de humildade e reverência, que revela uma firme disciplina e uma reverência contida de quem se dispõem a dirigir a palavra a Deus de maneira singela e a escutar-lhe atentamente. Também é gesto de entrega total, de quem as mãos como prisioneiras nas mãos de Deus. É o gesto que se deve manter ao ter as mãos livres durante a celebração.

Erguer as mãos: é a expressão da oração comunitária, da ação de graças. É expressão de um sentimento ardente que se eleva e clama por Deus. É também expressão de oferta, de quem toma a si mesmo e a tudo que tem e se oferece a Deus em um alegre sacrifício, unindo-se à oferta de Cristo, quem se imolou totalmente ao Pai. É um gesto proposto para ser realizado no Pai-Nosso pelo sacerdote. Seu uso pelos fiéis fica a cargo da decisão do bispo diocesano.

Dar as mãos: é um gesto usado pelos noivos no Matrimônio, que significa o amor e a comunhão. Dar as mãos no Pai-Nosso não é previsto no Rito Romano, mas pode ser um gesto significativo em certas ocasiões, sem se tornar permanente. Também se dá as mãos no rito da paz, como sentido de comunhão.

Imposição das mãos: é um gesto que significa abençoar, transmitir força e proteção de Deus. É usado para conferir o Sacramento da Ordem nas ordenações.

O homem não se comunica apenas pelas mãos, mas por todo seu corpo. Uma má postura em uma conversa pode indicar falta de atenção, a cabeça elevada para cima enquanto se anda pode indicar orgulho etc.

Sinais do corpo

Genuflexão: a genuflexão se faz dobrando o joelho direito até o chão, e significa adoração. É um gesto reservado ao Santíssimo Sacramento e à Cruz de Cristo, na Sexta-Feira Santa.

Na Santa Missa, o celebrante faz três genuflexões: depois da apresentação da hóstia e do cálice consagrados e antes de comungar (durante o Cordeiro de Deus). Se houver sacrário com o Santíssimo Sacramento no presbitério, o sacerdote celebrante e seus ministros fazem genuflexão quando chegam ao Altar e dele se retiram, mas não durante a celebração. Também fazem genuflexão todos os que passam diante do Santíssimo, exceto se andam processionalmente. Aqueles que levam as velas e a cruz processional não fazem genuflexão, mas apenas inclinação da cabeça.

Inclinação: a inclinação manifesta a honra e a reverência que se atribuem às próprias pessoas e aos seus símbolos. Há duas espécies de inclinação: a de cabeça e a de corpo.

A inclinação de cabeça se faz quando se nomeiam juntas as três Pessoas divinas (Pai, Filho e Espírito Santo), ao nome de Jesus Cristo, da Virgem Maria e do Santo em cuja honra se celebra a Santa Missa.

Inclinação do corpo é feita principalmente ao Altar. O sacerdote a faz em algumas orações. É feita também antes e depois de incensar por quem incensa e por quem é incensado, mas não antes de se incensar o Altar e as oferendas. Também se faz inclinação profunda para receber as bênçãos. Quem traz o Evangeliário solenemente para a Celebração não faz nenhuma inclinação, pois está trazendo o próprio Senhor que convocou seu povo. Também se faz uma inclinação profunda ao se passar diante do Altar ou do sacerdote celebrante durante a Santa Missa.

Prostração: é um dos símbolos mais fortes da Liturgia. A pessoa deita-se por terra, em sinal de humilhação, de pequenez diante da missão que lhe é confiada. É feita pelos que farão profissão religiosa, pelos que serão ordenados e é facultativa ao celebrante e aos ministros ordenados na Celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-Feira Santa.

Posturas do Corpo

As posturas do corpo constituem uma linguagem comunitária, um modo de rezar. É sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, que exprime e estimula os pensamentos e os sentimentos dos participantes.

Estar de pé: pôr-se de pé significa concentrarmos nossas forças, uma atitude vigorosa e disciplinada. Significa estar atento, pois esta posição exige estar desperto. Significa, enfim, estar preparados, pois quem está de pé pode ir imediatamente daqui acolá, cumprir um encargo ou iniciar um trabalho assim que for ordenado.

Os fiéis permanecem de pé do início do canto de entrada ou enquanto o sacerdote se aproxima do altar até o final da oração coleta; durante o canto do Aleluia e a proclamação do Evangelho; durante a profissão de fé e a oração universal; do convite Orai, irmãos até o final da Missa.

Sentados: é sinal de repouso, de acolhida, de meditação, de interiorização. Senta-se durante as leituras antes do Evangelho e do Salmo responsorial, durante a homilia e durante a preparação das ofertas e, se conveniente, enquanto se observa o silêncio sagrado após a comunhão.

Ajoelhados: expressa atitude de humildade, recolhimento e adoração. É uma postura pouco utilizada na liturgia, usada apenas para a consagração e para a adoração ao Santíssimo Sacramento. Durante o momento da consagração, todos devem se ajoelhar, até que o padre diga: Eis o mistério da fé. Aqueles que não puderem se ajoelhar por motivo de saúde, idade ou falta real de espaço, devem ao menos inclinar a cabeça durante a genuflexão do sacerdote.

Movimentos

O principal movimento na Liturgia é a procissão. Durante a Santa Missa há diversas procissões. No Antigo Testamento, o caminho significa o plano divino sobre a vida do homem, e o seu comportamento em relação aos mandamentos de Deus.

Procissões: podem ser dentro da celebração da santa Missa ou fora dela. A Santa Missa inicia-se com a procissão de entrada, expressão do povo de Deus a caminho da Terra prometida reunido para celebrar sua caminhada e alimentar-se com o Pão do Céu.

A procissão do Evangeliário simboliza Jesus que se levanta na assembleia para dirigir sua Palavra aos seus fiéis, que O saúdam, O aclamam para ouvir com atenção sua Palavra.

A procissão das oferendas simboliza a assembleia que apresenta a Cristo, o Altar, sua vida, simbolizada pelo pão e pelo vinho. A assembleia une-se a Cristo para oferecer-se ao Pai.

A procissão da Comunhão simboliza o Povo de Deus que se alimenta do Pão da Vida para prosseguir seu caminho rumo a Deus.

Além dessas, há outras procissões independente da Santa Missa, como a procissão de Corpus Christi, dos santos ou da Semana Santa.

Fonte: Apostila de coroinhas, Rodrigo Demetrio

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