sábado, 23 de outubro de 2010

Sinais Litúrgicos

No nosso dia-a-dia, somos confrontados a todo o momento com sinais: seja nos semáforos de trânsito, em comerciais, ou até mesmo aqui, em que interpretamos as letras, que são sinais das palavras, as quais são sinais de alguma coisa existente.

Um sinal deve ser algo que possa ser percebido, seja visto, ouvido, cheirado, sentido ou degustado. Um semáforo, um toque de telefone, o cheiro de fumaça, a vibração de um celular ou um gosto estranho podem ser sinais que se referem a outras coisas: o semáforo significa a ordem exigida para o trânsito; o telefone que toca indica que alguém quer falar; o cheiro de fumaça indica fogo; o celular que vibra indica ligação ou mensagem; um gosto estranho indica que um alimento pode não estar bom.

O sinal é algo sensível (que pode ser percebido por um dos sentidos) e é significativo, possui um significado a que se refere. Ele aponta para uma coisa diferente dele: a pegada fresca de um leão indica que há um leão vivo por perto, mas a pegada não é o próprio leão, indicando que ainda há tempo para tentar fugir.

Luz e trevas, contraste amplamente presente na Liturgia
Os sinais litúrgicos são os sinais presentes na Liturgia, os quais servem para nos recordar da ação que Cristo realizou, da ação presente que ele opera por meio dos sinais e da salvação que Ele nos concede agora e que se concretizará na plenitude dos tempos.
LUZ E TREVAS
A luz e as trevas são um dos sinais mais eloquentes da Liturgia. Sem luz não existe vida. O sol aquece e ilumina. A vela faz ver o caminho, as coisas e as pessoas. As trevas são figuras da morte, de quem fecha os olhos. Deus é luz, e o próprio Cristo é chamado no Símbolo Niceno-Constantinopolitano de “Luz da Luz”.

A luz é expressa em especial no sinal do fogo: o fogo novo, usado na Vigília Pascal, e o Círio Pascal são símbolos do próprio Cristo que vence a morte e ilumina a sua Igreja, e transmite a vida aos fiéis, os quais acendem no Círio suas velas. A vela que se acende no Batismo, na Primeira Comunhão, no Crisma, na profissão religiosa e na própria morte são sinais da vida nova em Cristo, da própria fé. Por fim, a lamparina acesa dia e noite diante do Santíssimo, sinal da presença de Deus. O fogo é sinal de Deus e de sua presença na alma.

As velas do altar simbolizam os fiéis que participam da Santa Missa. Acesas, elas indicam a comunhão e a união com Deus e a intenção que os fiéis deveriam ter de consumir-se e permanecer perante Deus.
ÁGUA
Batismo do Senhor
A água é a fonte da vida do ser humano, que durante nove meses nela vive mergulhado no útero materno. Seu próprio corpo é composto por grande parte de água. A água serve para se purificar, embelezar, limpar-se, refrescar, reanimar, matar a sede. A água é, enfim, o símbolo da vida. Sem ela, não viveríamos.

No Batismo, a Igreja comemora a ação de Deus por meio da água: por meio das águas do Batismo surge uma nova vida. Mas também ela é morte, como foi para os egípcios na travessia do mar Vermelho, que se afogaram ao tentar perseguir os israelitas. Ela é morte para o homem velho, para o pecado, e vida nova para o filho de Deus, concebido pela Igreja.

Na hora da Preparação das ofertas, o sacerdote põe algumas gotas de água no vinho: é o símbolo do fiéis que se unem a Cristo e nele se dissolvem, em sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Por fim, ela é usada nas abluções, nas purificações. É o símbolo da limpeza, da remoção do pecado, utilizada pelo sacerdote antes de iniciar a Liturgia Eucarística. Também há a água benta, aspergida sobre os fiéis, que recorda o Batismo.

CINZAS E INCENSO
Cinzas: sinal da morte e do arrependimento
As cinzas e o incenso estão ligados ao fogo, símbolo do próprio Deus. O fogo desperta o bom odor do incenso. O incenso cria a nuvem, que expressa a presença de Deus na nuvem, a oração que sobe aos céus e a presença de Deus na Assembleia reunida, no Altar, na Cruz, no sacerdote presidente e na Palavra proclamada.

O fogo também transforma as coisas da natureza em cinzas. É sinal de morte, do pecado, o qual Deus pode transformar em vida, desde que o homem reconheça o seu pecado e se humilhe, arrependido. A cinza simboliza o arrependimento.

ÓLEO
O óleo é usado com frequência na Liturgia: no Batismo, na Unção dos Enfermos, na Ordenação episcopal e presbiteral, na Confirmação, na consagração de igrejas e altares.

Óleo: usado nos sacramentos do
Batismo, da Confirmação ou Crisma,
nas Ordenações e na Unção dos
Enfermos.
O óleo é usado no preparo de alimentos, e também em loções, para curar feridas, aliviar a dor e como unção. Na Antiguidade, era vista a presença de Deus no óleo, e a Igreja o adota como o símbolo da graça de Deus que concede a vida e dá força.

No Batismo, o óleo é sinal de presença do Espírito Santo, que invade a pessoa com sua graça. É também sinal de força para renunciar o mal e aderir ao bem. Na Confirmação, é dado o Espírito Santo, o dom de Deus, para viver até a plenitude a vocação de cristãos. As mãos do sacerdote são ungidas para indicar que são mãos pelas quais age o Espírito Santo: são mãos que abençoam, consagram, perdoam. Os enfermos recebem a força do Espírito Santo pelo óleo, que também simboliza remédio, alívio, conforto e força para viverem a vocação batismal apesar da enfermidade.

Fonte: Apostila de coroinhas, Rodrigo Demetrio

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